À época, funcionários de folga ou férias foram avisados por telefone estavam sendo demitidos. Fontes disseram à Sputnik em condição de anonimato que, em algumas negociações mediadas pelo Ministério do Trabalho, foram oferecidos apenas R$500 como indenização a jornalistas que trabalhavam há anos no jornal. Veja trecho da delação de Joesley sobre a compra do edifício.
A demissão aconteceu durante a venda da publicação pelo Grupo Bel ao ex-prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz. Dono de várias universidades e hospitais, Muniz foi preso em abril de 2016 durante a Operação “Máscara da Sanidade II” por supostamente desviar verbas da saúde pública para hospitais particulares próprios.
O ex-prefeito e a mulher, a deputada Federal Raquel Muniz, também foram alvos da operação "Véu Protetor", acusados de fraudes tributárias e previdenciárias, estelionatos qualificados, desvio de recursos de entidades beneficentes de assistência social e de verbas públicas federais.
"A negociação entre o político [Aécio Neves], o empresário [Joesley Batista] e os antigos e atuais donos do jornal lesou os trabalhadores, que ficaram sem emprego, sem as indenizações trabalhistas e lutam na Justiça para receberem o que lhes é de direito", disse o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Kerisson Lopes.
De acordo com as mesmas fontes ouvidas pela Sputnik, os funcionários contaram com a ajuda do MST e do movimento social "Levante" na ocupação. Portas do prédio, que até então permanecia fechado desde a mudança do jornal para a nova sede no bairro Prado, foram arrombadas em torno das 6h.
Nem o grupo Soebrás, pertencente ao prefeito Ruy Muniz, nem a J&F se manifestaram sobre o assunto até o momento.