Uma eventual prisão de Loures pode ter sérios impactos na política nacional, reporta a imprensa do Brasil nesta sexta-feira.
O pedido de Janot é direcionado ao relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin. O procurador pede que seja reconsiderada a solicitação feita em 17 de maio – à época indeferida por Fachin –, uma vez que Loures perdeu o foro privilegiado com o retorno de Osmar Serraglio (PMDB-PR) à Câmara dos Deputados.
Se a prisão de Loures for decretada, crescem as especulações de que ele possa formalizar uma delação premiada, a fim de obter uma pena mais branda. O conteúdo que o ‘homem da mala’ poderia revelar aos investigadores estaria causando o temor de assessores de Temer em Brasília, segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, do G1.
“Segundo assessores ouvidos pelo blog, apesar de pressionado pela família, até agora Loures tem sinalizado a interlocutores de Temer que ainda não bateu o martelo: não se decidiu por uma colaboração premiada, mas não a descartou […]. Mas os próprios auxiliares do presidente admitem que, solto, o "estado de espírito" do ex-assessor é um, mas preso será outro”.
Já a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, afirma que Temer e seus assessores acreditam que a prisão de Loures será decretada por Fachin. Contudo, o presidente da República estaria dizendo a aliados que o seu agora ex-assessor “não tem nada que possa comprometê-lo”, embora a detenção dele possa “detonar debandada de parte da base aliada que vinha torcendo por um “fato novo” que justificasse o desembarque do governo”.
Há ainda o eventual impacto que uma eventual prisão de Loures possa causar no julgamento do dia 6 de junho, quando a chapa Dilma-Temer será alvo de análise do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Especulou-se na imprensa ao longo da semana que o tribunal poderia absolver ambos, ou ainda um pedido de vista poderia manter o suspense do caso.
Uma potencial delação premiada de Loures também poderia abrir outra frente contra Temer: dependendo do conteúdo, ela poderia sustentar um pedido de investigação criminal do presidente junto ao STF, que poderia até ordenar o seu afastamento – este, por sua vez, teria de passar pelo crivo do Legislativo federal.
Investigação
Loures é investigado pela suposta prática de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução à investigação. O pedido de prisão dele e de outros investigados foram formulados por Janot com base em provas apresentadas executivos do grupo J&F e nas apurações da Polícia Federal.
De acordo com o procurador-geral da República, Loures era homem de “total confiança” de Temer.
“Em suma, Rodrigo Loures aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer, a oferta de propina (5% sobre o benefício econômico a ser auferido) feita pelo empresário Joesley Batista, em troca de interceder a favor do Grupo J&F, mais especificamente em favor da EPE Cuiabá, em processo administrativo que tramita no Cade”, diz Janot.
Ainda segundo o procurador, após esse acordo inicial, em que o crime de corrupção se consumou, Loures ainda recebeu os valores da propina acertada do também colaborador e executivo da J&F, Ricardo Saud.