Mais cedo, neste sábado (3), a edição americana Politico divulgou um fragmento da entrevista que o presidente Putin tinha concedido ao cineasta americano Oliver Stone no canal de TV Showtime.
Nesta conversa, o presidente russo confessa que em uma das suas últimas reuniões com Bill Clinton, que na época visitou Moscou, ele disse ao seu homólogo americano: "Talvez vejamos a hipótese da Rússia aderir à OTAN". De acordo com Putin, "Clinton disse que não tinha nada contra a ideia". Ao mesmo tempo, observou o líder russo, "toda a delegação ficou muito nervosa".
"Sabe-se que Putin não excluía essa hipótese tanto nas conversas com Clinton, como, me parece, também com George Robertson, o então secretário-geral da OTAN", afirmou o especialista Lukyanov à Sputnik.
De acordo com ele, a adesão "significa dizer que surgiria outro centro de influência comparável com os EUA dentro da OTAN". "Não podia ser diferente. A Rússia dificilmente estaria disposta para se submeter (como se faz na OTAN) à disciplina do bloco nas condições comuns a todos. Mas isso mudaria toda a essência da Aliança, além disso, ninguém [no Ocidente] estava pronto para isso", sublinhou.
"Acho que Putin entendia isso, mas fez essa proposta para registrar a postura, ou seja, mostrar que nós estamos abertos à discussão, vocês é que não estão", acrescentou Lukyanov.
O especialista também supôs que as palavras do presidente russo poderiam ter sido "um anúncio de intenções bem sérias".
"Esta proposta tinha como objetivo provar a disponibilidade da Rússia para ir até bem longe com o fim de estabelecer relações qualitativamente novas", observou. Na opinião do especialista, a Rússia expressou esta disponibilidade, enquanto os EUA não deram uma resposta recíproca.