De acordo com o jornal Vzglyad, a participação ativa da Rússia na guerra síria, ao invés de piorar as relações entre Moscou e Doha, como previam vários analistas, levou a uma aproximação.
"Inicialmente, o emir qatariano visitou Moscou, depois disso a Fundação Soberana de Investimento Qatar [junto com a empresa suíça Glencore] pagou 10 bilhões de dólares para comprar ações da empresa russa Rosneft", explica a edição russa.
Tudo isso indica que, pouco a pouco, a Rússia e Qatar podem chegar a um acordo sobre a regulação do conflito na Síria, já que nenhuma destas nações se interessa no contínuo da guerra.
Atualmente, forças externas, especialmente anglo-saxônicas, tentam se aproveitar dos conflitos existentes na região.
Não obstante, como ocorreu durante a Primavera Árabe, as consequências nem sempre seguem o jogo dos EUA e do Reino Unido. A participação ativa de Moscou no conflito sírio contribuiu para o fortalecimento da influência da Rússia no Oriente Médio e para a queda do respectivo poderio americano.
"Claro que a família Al Thani [família governante do Qatar] está tentando utilizar as discordâncias do mundo ocidental. Não obstante, o nível destas discordâncias é tal que os governantes dos países árabes podem escutar promessas completamente diferentes em Londres e em Washington. Isso pode ainda mais complicar a situação e estressar os emires do Golfo Pérsico que não entendem qual jogo está sendo jogado pelos países ocidentais", escreve o correspondente do Vzglyad, Pavel Akopov.
Nestas circunstâncias, Qatar passará a ver a Rússia com mais interesse e começará a considerar o país eslavo como um sujeito leal e forte na arena internacional, cujas palavras não contradizem às suas ações, assegura o analista.
"No que se refere à esfera de exportações de gás e petróleo, é melhor cooperar do que competir com Moscou", insistiu.
Akopov também assinala que o tema ao redor do Qatar está relacionado com o problema iraniano. Os países do Golfo Pérsico têm que determinar qual será a natureza da relação com o país persa — de paz ou de confronto.
No que se trata da situação relacionada com a confrontação entre o Irã e os países árabes, a Rússia não tenta afastar os oponentes um do outro, mas sim diminuir as tensões de forma gradual e contínua.
"O caminho até a paz é através de Moscou", concluiu o jornalista.