Objetivo da ruptura de relações diplomáticas com Qatar – fazer o país se afastar do Irã

© AFP 2023 / MARWAN NAAMANIBandeira nacional do Qatar
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Num contexto de rompimento das relações diplomáticas entre o Qatar e um grupo de países do golfo Pérsico chefiado pela Arábia Saudita, a agência Sputnik Mundo entrevistou os analistas internacionais Paulo Botta e Federico Gaon sobre o desenvolvimento da situação.

O especialista em segurança no Oriente Médio, Paulo Botta, considera que na região não há nenhum país que concorde "em ser arrastado à força para uma política externa muita perigosa".

"A Arábia Saudita interpreta o apoio dos EUA como uma carta branca para exercer pressão sobre outros países da região. O Qatar, por sua vez, estabeleceu limites. Por trás disso está a briga entre os países árabes por causa de hidrocarbonetos. O Qatar é o segundo país do mundo em reservas de gás natural depois da Rússia", sublinha ele.

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No dia 5 de junho, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Egito anunciaram o rompimento das relações diplomáticas com o Qatar, acusando Doha de apoiar organizações terroristas e desestabilizar a situação no Oriente Médio. A eles se juntaram o Iêmen, o governo interino da Líbia, a Mauritânia, as Comores, as Maldivas e Maurício.

Os países impõem a saída de cidadãos do Qatar dos seus territórios (exceto o Egito), e encerraram as ligações aéreas, terrestres e marítimas com o Qatar.

A aproximação do Qatar com o Irã e a busca do desenvolvimento de uma política externa própria são as principais razões do conflito, que ocorreu duas semanas depois da visita do presidente norte-americano, Donald Trump, à Arábia Saudita, onde ele acusou o Irã de ajudar o terrorismo e desestabilizar a situação na região.

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Federico Gaon, que também se especializa em questões do Oriente Médio, disse que nunca antes tem visto uma agressão em tal escala.

"As sanções econômicas contra o Qatar vão ter consequências graves. Os produtos são importados em 90% da Arábia Saudita via rotas terrestres", disse o especialista à Sputnik Mundo.

A razão para essa rigidez, de acordo com Gaon, se encontra na intenção "de mudar a política externa do pequeno reino, o afastar do Irã e ele deixar de apoiar a Irmandade Muçulmana". O especialista acredita que tal medida contra o Qatar está ligada aos discursos de Donald Trump durante sua visita ao país. Não é por acaso que os estados sunitas "estão ajustando contas com o Qatar", acrescentou.

Na verdade, no dia 6 de junho, Trump escreveu na sua conta do Twitter sobre o que está acontecendo no golfo Pérsico.

"Durante a minha recente visita ao Oriente Médio, eu destaquei que não deveria haver financiamento de ideologias radicais. Os líderes apontaram o Qatar – vejam!"

​E acrescentou: "Ainda bem que a visita à Arábia Saudita, ao rei [dela], e a outros 50 países estão mostrando resultados. Talvez este seja o início do fim do horror do terrorismo."

​O especialista Federico Gaon opina que a principal questão nesta situação é a questão do tempo.

"[Para o Qatar] não é possível estar ao mesmo tempo do lado dos iranianos, da Irmandade Muçulmana e dos governos conservadores do Egito e da Arábia Saudita." Usando a situação atual os países da região "estão mostrando [ao Qatar] que o tempo acabou", concluiu o especialista.

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