O apoio de Washington aos insurgentes chechenos naquela época era aberto, tanto na mídia como nos círculos diplomáticos dos EUA.
"Os jornalistas ocidentais se referiam a estes bandidos infames como 'rebeldes', 'independentistas', 'heróis' e até 'dissidentes'. Entretanto, os políticos ocidentais qualificavam a luta da Rússia por sua segurança e integridade territorial como ‘ambições imperiais', sendo que naquele momento eles estavam reduzindo a cinzas simultaneamente Belgrado, Kabul e Bagdá", assinala o autor.
Particularmente, a emissora americana CNN chamou os terroristas chechenos que tomaram reféns no teatro de Dubrovka de Moscou no ano de 2002 de "dissidentes chechenos", recordou o especialista.
Entretanto, há casos de ajuda direta — armas, dinheiro e dados de inteligência — dos EUA aos grupos terroristas chechenos que na sua maioria passaram despercebidos. O colunista sublinha que a dita ajuda ficou no esquecimento, embora tenha sido considerável.
Segundo os dados do Ministério do Interior russo, ao longo de ambos os conflitos armados na Chechênia, mais de 60 organizações terroristas internacionais, mais de 100 empresas estrangeiras e uma dezena de grupos bancários prestaram apoio material e financeiro aos terroristas.
De acordo com Kots, é difícil comprovar que Washington verdadeiramente esteve envolvido no apoio aos terroristas chechenos. Mas, de qualquer maneira, os militares encontravam constantemente armas de origem americana nas mãos dos radicais.
Em novembro de 1999, por exemplo, várias mídias russas informaram que 70 sistemas de defesa aérea portátil norte-americanos Stinger tinham chegado à Chechênia. Mais tarde, esta informação foi confirmada pelo então ministro da Defesa russo, Igor Sergeev. Até houve fotos tiradas na Chechênia nos princípios dos anos 2000 que provam estas afirmações.
Durante a guerra no Afeganistão (1978-1992), a CIA fornecia estes sistemas aos mujahedin e é possível que Washington tenha decidido seguir com a mesma tática na Chechênia. Provavelmente, os Stinger chegaram à Chechênia através da Turquia, onde desde 1992 há uma fábrica licenciada que produz estas armas.
O jornalista destacou que a inteligência americana não tentava ocultar a prestação de apoio material aos insurgentes chechenos. O então vice-chefe do Conselho Nacional de Inteligência dos EUA, Graham Fuller, revelou em um dos seus artigos:
"A política de controle da evolução do Islã e [o nosso] apoio na luta contra nosso rival funcionou perfeitamente no Afeganistão contra o exército soviético. A mesma doutrina pode resultar vantajosa para desestabilizar o que resta das autoridades russas."