De acordo com Mizokami, o país muçulmano tem que fazer frente também a problemas relacionados com sua segurança interna, que poderão ameaçar a integridade do seu arsenal nuclear.
Mizokami indica que o Paquistão, rodeado do Irã, China, Índia e Afeganistão, tem uma "vizinhança verdadeiramente complicada, na qual existem várias questões relativas à segurança".
"O Paquistão tem sido uma potência nuclear durante décadas, e agora tenta construir sua própria tríade fazendo com que seu arsenal nuclear seja resistente e capaz de efetuar golpes de resposta demolidores", realça.
O autor do artigo explica que o programa nuclear paquistanês remonta aos anos 50, ou seja, ao início da rivalidade com a Índia. Ademais, recorda as palavras do então presidente, Zulfikar Ali Bhutto, que declarou: "Se a Índia construir uma bomba [nuclear], comeremos grama e folhas e passaremos fome, mas obteremos a nossa".
"O programa se converteu em uma prioridade depois de que, em 1971, o país fracassou na confrontação com a Índia, o que fez desaparecer o Paquistão Oriental e o converteu em Bangladesh. Os especialistas creem que foi a humilhante perda do território, muito mais do que as informações que Nova Deli estava criando armas nucleares, que acelerou o programa nuclear paquistanês", assegura Mizokami, quem agrega que a Índia fez testes da sua primeira bomba nuclear em 1974, "colocando o subcontinente no caminho da nuclearização".
Islamabad começou a acumular o combustível necessário para as armas nucleares, o urânio enriquecido e o plutônio. Seu programa nuclear foi apoiado por vários países europeus e utilizou também equipamentos clandestinos, revela o jornalista.
De acordo com outros observadores, Islamabad pode produzir somente entre 40 e 50 ogivas em um futuro próximo.
"A confrontação nuclear se agrava devido à hostilidade tradicional entre os dois países. Ambos estiveram em guerra várias vezes e houve vários acontecimentos, como o ataque terrorista de 2008 em Mumbai, que for dirigido pelo Paquistão", esclareceu.
Mizokami explicou que o Paquistão carece de uma doutrina de "não atacar primeiro", diferentemente da Índia e da China. Ademais, "se reserva o direito de usar armas nucleares, particularmente as táticas, de baixa potência, para compensar a vantagem da Índia em forças convencionais".
"Atualmente, o Paquistão possui uma tríade de sistemas nucleares de baseamento em terra, no mar e no ar", concluiu.