De acordo com a empresa, são 18 pedidos firmes e 33 jatos com intenção de compra.
“Somando-se todos os pedidos firmes e cartas de intenção, o potencial dos compromissos anunciados é de 51 aeronaves da família de E-Jets, tanto da geração atual quanto dos E-Jets E2, que entram em serviço a partir de 2018. O valor potencial desse pedido, tendo como referência os preços de lista, monta a aproximadamente US$ 3 bilhões, se todos os pedidos forem confirmados”, divulgou a assessoria da companhia.
A Embraer expôs na feira algumas novidades da companhia, como o novo E195-E2, a maior aeronave da segunda geração da família de jatos comerciais da companhia, a aeronave militar multimissão de transporte e reabastecimento em voo KC-390 e o mais moderno jato executivo de médio porte, o Legacy 450.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o jornalista e especialista do setor de Defesa, Nelson Düring, destacou que a venda por “valores apreciáveis” deve ser celebrada pela Embraer, já que mantém a capacidade da empresa em seguir produzindo de 80 a 100 aeronaves por ano, ainda mais em um mercado bastante competitivo.
“Nesse mercado você tem competidores duros, como a canadense Bombardier, os russos com o Sukoi-100 Superjet, o jato chinês chegando, o jato da japonesa Mitsubishi chegando, então é muito importante essa venda para a manutenção do fluxo de trabalho”, avaliou Düring.
Negócios onde companhia é mais forte
O primeiro negócio fechado pela Embraer em Paris foi com a companhia aérea bielorussa Belavia, que encomendou dois jatos – um E175 e um E195 –, a serem entregues em 2018. O acordo foi fechado em USS 99,1 milhões. A mesma companhia já possui quatro aviões da Embraer.
“Receber pedidos complementares, como estes, é importante não apenas porque demonstra que as aeronaves de nossos clientes estão registrando bom desempenho e entregando valor para o negócio e seus passageiros, mas também porque confirma que o time da Embraer fez um bom trabalho em apoiar a companhia aérea e suas aeronaves”, disse o presidente e CEO da Embraer, John Slattery.
Já o diretor-geral da Belavia, Anatoly Gusarov, destacou a “flexibilidade […] sem o normal acréscimo de complexidade em engenharia e treinamento” como elementos importantes para o fechamento do negócio. “A nossa frota de jatos Embraer está obtendo altos índices de disponibilidade e grande eficiência operacional – e nossos clientes realmente aproveitam o alto nível de conforto que as aeronaves proporcionam”.
Segundo Nelson Düring, esse é o nicho em que a Embraer sempre se destacou e, assim, a empresa brasileira deverá seguir trilhando o seu caminho naquilo que faz melhor, algo que começou nos anos 1970 com os turbohélices Bandeirante e Brasília.
“A Embraer sempre soube aproveitar a janela que se oferecia para estar ao lado do cliente, trabalhar com ele e desenvolver uma aeronave que atendesse às suas demandas. Você trabalha assim com clientes menores, que vão servir de abastecedores para grandes companhias aéreas. É um produto bom, barato, de custo operacional baixo. É o que vem gerando sucesso e confiabilidade na empresa”, destacou o especialista.
Outro contrato que a Embraer fechou em Paris foi com a companhia aérea japonesa Fuji Dream Airlines, que encomendou três jatos do modelo E-175 e o direito de compra (pedido concreto a ser confirmado) de mais três jatos do mesmo modelo – em um de US$ 274 milhões. Já a holandesa KLM CityHopper encomendou dois jatos E190 por US$ 101 milhões.
Já a companhia aérea Japan Airlines encomendou um jato E190 (por um valor não revelado). O que também não foi revelado foi o nome do cliente que encomendou dez aeronaves E195-E2, com direito de compra de outros 10 aviões do mesmo modelo, em um negócio de US$ 666 milhões. Por fim, outro cliente não revelado fechou, por US$ 1,1 bilhão, a intenção de compra de 20 jatos do modelo E190-E2.
Postos de trabalho
Apesar de tamanhas negociações, a Embraer informou que as novas demandas não significam, em um primeiro momento, um acréscimo de funcionários nas linhas de montagem da empresa. De acordo com Nelson Düring, tal afirmação deve ser vista com naturalidade no setor aeronáutico.
“É o ciclo da indústria, um ciclo muito longa. Veja que você compra um avião e só o recebe daqui a dois, três anos. Nesse meio tempo você encomenda a turbina, por exemplo, e outras matérias-primas e equipamentos. A empresa precisa ter flexibilidade para fazer os pedidos e manter uma linha com funcionários treinados para atender a tal demanda”, explicou.