O texto, já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado e que deverá seguir para o plenário estabelece que “a proposta de revogação será apreciada pela Câmara e pelo Senado, sucessiva e separadamente, e, para ser aprovada, precisará do voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas. Garantida a aprovação, será então convocado referendo popular para ratificar ou rejeitar a medida”. Entenderam? Se as normas legais forem atendidas, o povo poderá tirar o presidente da República.
Um dos mais renomados cientistas políticos do país, Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, avaliou esta Proposta de Emenda Constitucional em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil. Cético quanto à aprovação da PEC, Alberto Almeida disse que o Brasil está tomando uma atitude inédita diante do mundo:
“Algum motivo sério deve haver para que este mecanismo de revogação de mandato presidencial pelo povo seja posto em prática. Eu falo isso observando a experiência internacional e não por ser contra ou a favor desta medida. Esta Proposta de Emenda Constitucional será uma espada de Dâmocles sobre a cabeça do presidente, e tornará o vice-presidente muito perigoso. Em caso de afastamento do presidente, quem assume será o vice e não alguém eleito para substituir o mandatário. Mas, sinceramente, eu não acredito que esta PEC venha a ser aprovada em sua votação final.”
Alberto Almeida também opina sobre um possível superfortalecimento da mídia com a eventual aprovação desta Proposta. O especialista analisa se o direito concedido aos eleitores – de retirar o presidente se ele não os satisfizer – terminará por conceder poder demasiado à mídia, na formação da opinião pública:
“Talvez aumente o poder de barganha do presidente e da própria mídia. Mas, nesse caso, eu acredito que o presidente vai querer estar mais perto e mais próximo da mídia. Não é que os presidentes atuais já não façam isso. Eles fazem, mas com esta Emenda em vigor talvez os futuros presidentes venham a fazer isso com maior dedicação e mais afinco. Tudo vai depender da popularidade do presidente, sempre. O que isso cria é uma pressão para o presidente estar sempre bem aprovado. Então, você vai ter uma pressão populista. Nesse aspecto, aumenta o poder de barganha da mídia, sem dúvida nenhuma.”