O Kremlin, por sua vez, reagiu à situação com indignação, mas cautelosamente, observa o especialista. A partir de agora, Moscou vai considerar como potencial inimigo qualquer avião que sobrevoar o território sírio sem a aprovação do governo de Bashar Assad. O mais importante, porém, é o fato do contingente russo na Síria não ter empreendido quaisquer medidas, acredita o analista.
Ele recordou como Moscou reagiu à derrubada do Su-24 russo, realizada pela Força Aérea turca. Rechaçando a resposta militar, a Rússia introduziu sanções econômicas contra Ancara e deixou claro que pode mudar sua atitude para com os curdos turcos. Depois de meio ano, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, teve que se desculpar.
A Rússia, provavelmente, também não lançará desafios aos militares americanos, porém, encontrará um meio para dificultar sua vida no Oriente Médio, acredita o jornalista.
Washington, por sua vez, julgando pelas audiências recentes relacionadas à Rússia, tem todos os sinais de uma dissonância cognitiva: a Rússia, por um lado, é retratada como um rival forte, capaz de minar as forças conjuntas da OTAN, e, por outro lado, como um "regime à beira de um colapso". Com esta abordagem, os americanos correm o risco de não estar preparados propriamente no caso de reforço do confronto, adianta o analista.
"Agora está claro que já não se trata do objetivo inicial da administração Trump para conseguir algum acordo com o Kremlin. Não se pode excluir que as divergências entre os interesses e valores russos e americanos estão tão grandes, que nenhum compromisso poderá estabelecer laços entre eles", opina o autor.
Deste modo, os Estados Unidos devem demostrar cautela no espaço aéreo sírio e evitar acidentes com a Rússia, já que não precisam de tal conflito, acredita Gvosdev.