As mudanças de temperatura anómalas nas camadas mais baixas da atmosfera de Vênus, registradas pela sonda soviética Vega-2 em 1985, foram causadas pelas diferenças incomuns na reação do dióxido de carbono e do nitrogênio a pressões muito altas, se lê em um artigo publicado na revista Nature Geoscience.
"Durante os últimos 50 anos, os EUA e a Rússia enviaram dúzia de sondas e várias cápsulas espaciais para Vênus, só uma delas – a Vega-2 soviética – conseguiu alcançar a superfície do planeta e medir a temperatura do ar nas camadas mais baixas da sua atmosfera. À distância de 7 km da superfície do planeta, o aparelho registrou flutuações anómalas da temperatura que permaneciam inexplicáveis até agora", conta Sebastian Lebonnois da Universidade Paris-Sorbonne (na França).
Tentando estudar a camada de 7 km junto à superfície, que representa um grande interesse, os EUA e a Rússia enviaram muitos aparelhos para o planeta. Mas os projetos americanos com sondas da série Pioneer-Vênus fracassaram, e as missões soviéticas da série Vega e Venera foram realizadas com êxito, mas por causa da precisão bastante baixa dos instrumentos os dados não foram suficientemente precisos.
Sebastian Lebonnois e seu colega Gerald Schubert, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (nos EUA), procuraram uma explicação para as anomalias da atmosfera de Vênus criando um modelo com base nos dados das missões Vega-2 e Venera-10 e de uma série de outras cápsulas espaciais.
Os cientistas demonstram que o CO2 e o nitrogênio sob pressões tão altas não se misturam, mas as bolhas destes gases se movem constantemente das camadas mais baixas para as mais altas. Isto explica porque a sonda soviética Vega-2 recebeu dados tão estranhos – o aparelho pode ter simplesmente voado através de tais bolhas onde as temperaturas dos dois gases se podem distinguir radicalmente.
Claro que definitivamente essa questão só pode ser verificada em resultado de novas missões que agora estão sendo planejadas pela NASA e Roscosmos.