“A evidência é bastante clara que a Coreia do Norte é capaz de produzir trítio, que é necessário para uma bomba de hidrogênio para criar fusão. Portanto, você precisa de trítio quando você for ter bombas de hidrogênio”, disse Siegfried Hecker, também professor da Universidade de Standford, em entrevista a jornalistas.
O especialista sabe bem do que está falando: em 2010, ele visitou uma unidade de enriquecimento de urânio da Coreia do Norte, em Yongbyon.
Em janeiro do ano passado, o regime de Kim Jong-un anunciou ter realizado um teste com uma bomba de hidrogênio, mas a comunidade internacional recebeu a notícia com ceticismo e desconfiança, já que nenhuma amostragem de abalos sísmicos endossou a alegação de Pyongyang.
Hecker não acredita nas alegações de Pyongyang sobre já possuir a poderosa arma em seu arsenal. “Eles podem fazer trítio para que eles tenham o elemento básico para uma bomba de hidrogênio. Mas é preciso muito mais do que isso para armar bombas de hidrogênio. Eu não acredito que eles podem fazer isso (ainda)”.
Contudo, para o professor de Stanford isso não diminui o potencial do regime de Kim Jong-un ter uma Bomba H – cujo pode é quase 4.000 vezes maior do que o da bomba nuclear que arrasou a cidade japonesa de Hiroshima, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial – em um futuro não muito distante.
“Creio que eles conseguiram obter trítio. Na verdade, no ano passado houve algumas indicações de que eles estavam tentando comercializar um dos principais ingredientes para a produção de trítio, algo chamado de lítio-6… Então é claro que eles sabem como fazer trítio. Sabemos que é oficial”, comentou o especialista norte-americano.
Hecker comentou ainda ter tido acesso a imagens de satélite que mostram que uma nova fábrica de trítio está sendo erguida pelos norte-coreanos em um local próximo a uma antiga fábrica do material, o que pode endossar os planos ousados de Pyongyang.
Desnuclearização
O especialista norte-americano ainda falou sobre o processo que poderia levar a uma desnuclearização da Coreia do Norte. Segundo ele, um processo de negociação deveria começar com um acordo de “não uso” com o regime comunista, a fim de evitar qualquer incidente que pudesse causar danos incalculáveis.
“Essas possibilidades são bastante preocupantes que eu mantenho que a crise está aqui agora, e não quando eles (mísseis norte-coreanos) conseguirem chegar aos EUA. Uma vez que você não usa… então é parar, retroceder e eliminar”, avaliou Hecker, para quem a desnuclearização deveria seguir três fases.
“É (também) importante para os EUA e a Coreia do Sul chegar a um acordo (sobre como conduzir o processo) antes de negociarem com a Coreia do Norte”, emendou.
Em sua passagem por Seul, Hecker comentou ainda acreditar que os norte-coreanos possuem combustível nuclear suficiente para produzir 25 armas nucleares, adicionadas à habilidade de produzir de seis a sete armas nucleares adicionais a cada ano.