A operação para libertar Mossul começou formalmente em outubro de 2016, quando o premiê iraquiano, Haider Abadi, anunciou a entrada de unidades de infantaria na cidade. A ofensiva para libertar as regiões próximas de Mossul havia começado em março do mesmo ano.
A operação causou 700 mil deslocados internos, de acordo com os últimos comunicados do Ministério da Migração iraquiano. O número total de vítimas civis ainda não foi especificado.
Mudança de frente
Em março de 2017, o canal árabe Al Sumaria anunciou que o líder do Daesh, organização terrorista proibida na Rússia, reconhecia a batalha por Mossul como perdida e apelava aos seus seguidores para que abandonassem a cidade e se unissem na Síria. Hoje em dia, o destino do próprio Abu Bakr al-Baghdadi continua incerto.
Nos meados de junho, o Ministério da Defesa da Rússia comunicava que o líder terrorista poderia ter sido eliminado durante uma operação da aviação russa perto da cidade de Raqqa. Duas semanas depois, a televisão iraniana mostrou imagens do suposto cadáver do líder jihadista. Porém, a informação nunca chegou a ser confirmada definitivamente.
A deslocação dos extremistas do Iraque para a Síria, evidentemente, acarretaria complicações para as forças sírias e seus aliados. Particularmente, em dezembro de 2016 foram os combatentes do Daesh que, após abandonarem o Iraque, retomaram o controle sobre a cidade de Palmira, enquanto a maior parte das forças governamentais se encontrava combatendo em Aleppo.
Mas a Síria não é o único lugar para onde os extremistas podem se deslocar. Boris Dolgov, investigador do Centro de Estudos Árabes da Rússia, recordou em uma entrevista concedida ao RT que os líderes do Daesh apelaram aos seus seguidores para que se instalassem no Afeganistão, Líbia e inclusive na Europa, fazendo-se passar por refugiados.
"Aí, os jihadistas já criaram células terroristas dormentes. Do mesmo modo, podem atuar no Iraque. É suficiente se misturar com a população local", advertiu Dolgov.
Mudança de tática
Ao contrário da administração anterior, Donald Trump não parece considerar os islamistas radicais como um instrumento para promover seus interesses na região. Durante sua campanha presidencial, criticou ferozmente a sua rival democrata, Hillary Clinton, acusando-a de provocar a ascensão dos grupos extremistas enquanto ocupava o cargo da secretária de Estado, na época da chamada Primavera Árabe.
Embora a recuperação de Mossul seja um marco importante da luta contra o Daesh, ainda não se prevê o fim da "guerra contra o terrorismo". Os líderes jihadistas são pessoas altamente motivadas e disciplinadas, com conhecimentos de táticas de guerrilha. Tudo parece indicar que a queda final do Daesh está ainda em um futuro bem distante.