“Essas crianças não são vítimas. Elas mataram nossos familiares e amigos. Merecem morrer” diz à publicação um líder da oposição armada na Síria. As opiniões quanto a isso são variadas, mas o que é comum é o fato de que esses jovens são expostos à violência desde muito cedo.
Estima-se que, apenas no Iraque, mais de 2.000 jihadistas menores de idade estejam detidos. Segundo a revista, as prisões se tornaram verdadeiros centros de recrutamento para o Daesh, que lá encontra material humano para suas fileiras de radicais dispostos a tudo.
“Sem receber atenção especializada, essas crianças informam, aos serem entrevistadas por ativistas de direitos humanos, que são torturadas pelas forças de segurança iraquianas. Vítimas de abusos e abandonadas, elas crescem odiando o Estado”, continua a reportagem.
Embora não existam números oficiais sobre o número de crianças e adolescentes que integrem o extremismo islâmico, dados da ONU apontam que milhares deles integram exércitos nacionais em sete países e 50 grupos armados em todo o mundo. Surpreendentemente, 40% são meninas.
Missão e recuperação
O Daesh é o grupo mais ativo em tais recrutamentos, e os menores fazem de tudo: doam sangue para terroristas feridos, patrulham as ruas, vigiam e executam presos, realizam ataques suicidas, recrutam eles mesmos outras crianças, etc.
Nas áreas dominadas pelo Daesh, centros são montados para “educar” esses jovens, que são vistos como o futuro da organização. Ao mesmo tempo, nestas mesmas regiões as escolas são fechadas e não resta muito aos adolescentes a não ser integrar as fileiros do grupo terrorista.
Há até casos de crianças vendidas pela própria família ao Daesh, segundo cita a reportagem. Uma família teria recebido US$ 200 por mês por cada criança recrutada pela organização.
Organizações como a Child Soldier International se envolvem no trabalho de reabilitação de crianças e adolescentes que já integraram as linhas de grupos terroristas. É um trabalho árduo e difícil, sobretudo quando envolve a reinserção em áreas onde os mesmos viveram episódios de violência e atrocidades.
O medo de desertar e ser morto também não pode ser desconsiderado. Há ainda o temor de que as próprias forças do Estado voltem a sua fúria contra os jovens que queiram deixar de lado o mundo terrorista. A reportagem concluí que é preciso prestar a atenção nisso, com os olhos no futuro.
“[Para que] os cachorros jihadistas de hoje não se convertam em leões amanhã dependerá em grande medida da duração desse interesse [em recuperá-los]”, conclui a The Economist.