Porém, em uma entrevista à Sputnik Turquia, o tenente-general reformado da Força Aérea turca, Erdogan Karakus, disse que esta questão não é algo que as partes não possam solucionar.
O militar adiantou que as restantes necessidades serão garantidas pela celebração de novos contratos, de acordo com o equilíbrio de forças no palco internacional, se referindo a uma cooperação avançada entre Moscou e Ancara em várias esferas, inclusive no setor energético, particularmente, no âmbito da usina nuclear em Akkuyu, bem como na agricultura.
O acadêmico turco Togrul Ismayil acredita que o acordo de fornecimento dos S-400 não deve provocar preocupação por parte da OTAN, mas, pelo contrário, gerar satisfação.
"Já faz muito que a Turquia se tornou um país que não tem sistemas antiaéreos capazes de efetuar intercepções a grandes altitudes. Isto representa uma grande ameaça para a Turquia. Uma parte significativa dos países da região, inclusive o Azerbaijão e a Armênia, possuem sistemas S-400. As modificações mais antigas do S-400 já estão em tais países da OTAN como a Grécia, a Bulgária e a Hungria", afirmou.
De acordo com o professor, as suposições de que, vendendo os S-400 à Turquia, a Rússia começaria a usar os dados secretos da OTAN, são uma fantasia completa, já que, como dissemos, alguns países da OTAN já usam estes sistemas.
"Em primeiro lugar, tal aquisição tornará a Turquia ainda mais forte e, consequentemente, reforçará a própria Aliança", destacou Ismayil. De acordo com o especialista, a preocupação da OTAN está relacionada com a vontade dos EUA de vender mísseis Patriot à Turquia.
Abdullah Agar, ex-militar das Forças Especiais turcas e especialista na área de segurança e luta contra o terrorismo, realçou que a Turquia ficou em uma situação extremamente arriscada por não dispor de um sistema de defesa antiaéreo por um longo período de tempo.
"Caso no futuro este processo se desenvolva, haverá uma mudança séria na situação geopolítica, com a alteração do seu centro de gravidade. A hipótese do que este centro mude da Europa e dos EUA para a Ásia é cada vez mais provável. A Turquia tem plena consciência dos riscos que enfrentará em um futuro próximo. […] A Turquia apenas usa o Daesh como um pretexto, mascarando seu objetivo real — a modificação da região em conformidade com seus próprios interesses. Nas condições de tal perigo para toda a região, o acordo russo-turco ganha cada vez mais importância", resumiu o analista.