No entanto, a comparação de números brutos revela-se enganosa. Assim, é reconhecido geralmente que os EUA são uma potência global com "ativos militares espalhados por todo o mundo'. A China, por sua vez, concentra suas forças armadas na Ásia, destaca o autor.
De mesma maneira, os gastos militares não explicam tal aspecto como a chamada "tirania da distância": para estabelecer sua influência na Ásia, Washington tem que cruzar o maior oceano do mundo, indica Zachary Keck. Pequim, pelo contrário, encontra-se no centro da ação.
"E, como entendem todos os que trabalham em Washington, a proximidade ao poder é um poder em si mesmo", explica.
Esta proximidade permite à China implementar uma estratégia de antiacesso e de negação de área, A2/AD (anti-access and area denial, em inglês), utilizando seu território para instalar grandes quantidades de mísseis, aviões, sistemas de vigilância e de radar, sublinha o autor. "De fato, trata-se de porta-aviões insubmergíveis".
Assim, 50% do financiamento para o ano fiscal de 2015 equivalem a 298,5 bilhões de dólares (R$ 988,4 bilhões).
"Em outras palavras, o Pentágono gasta em pessoal mais do que qualquer outro país, inclusive a China, gasta em todo o seu exército", frisa o autor.
Ainda por cima, os gastos com o pessoal militar dos EUA excedem os custos de defesa combinados de todos os membros da OTAN.
A diferença de custos de pessoal entre a China e os EUA é ainda maior se os considerarmos por soldado. Segundo os cálculos, o exército da China tem no total 2,3 milhões de militares em serviço ativo, enquanto os EUA dispõem de 1,4 milhões. Porém, Pequim gasta uns 21 mil dólares (R$ 69.537) por militar e Washington — mais de 214 mil dólares (R$ 707.655).
O autor do artigo afirma que o impacto deste indicador no financiamento militar de cada país é surpreendente. "Quando os custos de pessoal são retirados da equação, os gastos militares da China passam de aproximadamente um quarto dos gastos dos EUA para quase um terço", concluiu.