O recente lançamento de míssil balístico norte-coreano provocou discussões entre os especialistas sobre qual seria o seu real alcance: uns dizem que se trata de um míssil de médio alcance, enquanto outros insistem que a Coreia do Norte lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM, sigla em inglês), com um alcance de mais de 5.500 quilômetros, capaz, portanto, de atingir o território dos EUA.
"De todas as maneiras, se não tiver sido este, o próximo lançamento confirmará que a Coreia do Norte possui um ICBM", observa o autor.
O colunista lembra que, durante seu discurso de Ano Novo, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu desenvolver míssil balístico capaz de atingir o continente americano. Trump, por sua vez, garantiu que isso nunca iria acontecer.
"Mas já aconteceu e o próprio Trump foi empurrado para uma linha atrás de suas palavras ocas", observa Akopov.
Segundo o autor, nos anos 90, a Coreia do Norte sobreviveu a um contexto de queda do bloco socialista, más colheitas e à pressão da então única potência mundial: os EUA. Pyongyang continua de pé, depois de ter permanecido durante muitos anos sob sanções internacionais, enquanto que as negociações sobre o fim do programa nuclear e de mísseis norte-coreanos foram suspensas em meados da década passada.
"Até idiota entenderia que não faz sentido intimidar Pyongyang", afirma o colunista.
O colunista ressalta que na verdade, o objetivo real de Trump era receber concessões por parte da China. Pequim, por sua vez, percebendo isso, passou a atuar em conjunto com a Rússia.
No Conselho de Segurança da ONU, o diplomata russo, Vladimir Safronkov, apresentou uma proposta sino-russa que prevê impor uma moratória para os ensaios de armas nucleares e mísseis balísticos norte-coreanos e recomendações aos EUA e à Coreia do Sul de se absterem de realizar exercícios militares conjuntos de grande escala na região.
"Está tudo muito claro: basta escalar a situação, é hora de se sentar à mesa de negociações. Moscou e Pequim se dirigem diretamente aos EUA, que devem renunciar a retórica agressiva e provocativa em relação à Coreia do Norte", escreve o colunista.
"Chegou o momento de aliviar a tensão. De fato, a Coreia do Norte conseguiu o que queria: mostrou ao mundo que tem um míssil balístico. É hora de passar para as negociações", diz o colunista.
De acordo com Akopov, o resultado ideal destas negociações seria um acordo com garantias de não agressão, assinado pelos EUA e pela Coreia do Norte, que daria lugar à suspensão do programa nuclear e de mísseis e os exercícios militares dos EUA no sul da península da Coreia.
"O início das negociações seria um grande passo na direção correta", assegura o colunista.
Analista opina que se os EUA continuarem enviando porta-aviões e realizando manobras, as posições do país norte-americano se enfraquecerão diante das próximas negociações, além de prejudicar a sua reputação.
"Todo o mundo entende que os EUA não vão desencadear uma nova guerra da Coreia, colocando em risco a vida de milhões de coreanos e de dezenas de milhares de seus soldados na Coreia do Sul", salienta.
"A Coreia do Norte se tornou uma potência nuclear e balística. Este fato deve ser reconhecido por todos os que realmente queiram resolver o chamado problema da Coreia e, em primeiro lugar, os norte-americanos, que, com seus esforços contribuíram para criá-lo", conclui Pyotr Akopov.