Para o argentino Eduardo Crespo, professor de Economia Política Internacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Macri pode estar se afirmando como nova liderança regional nas Américas, mas, para atingir uma posição mais elevada, terá de recompor, inicialmente, o cenário do seu próprio país:
"Primeiro, o Presidente Mauricio Macri terá de resolver os muitos problemas internos da Argentina para só depois pensar em sua projeção internacional. Pelo menos, é essa a minha perspectiva. A economia argentina, já no ano passado, no primeiro ano de Governo Macri, enfrentou recessão, e este ano terá uma muito leve recuperação. Está difícil também imaginar que a coalizão liderada por Macri vá ganhar as eleições legislativas de outubro. Quase todos os indicadores econômicos da Argentina têm piorado nos últimos anos, principalmente no último ano. Então, eu sou levado a acreditar que a primeira tarefa de Mauricio Macri seja enfrentar, com grande empenho, os graves problemas internos da Argentina."
No entanto, na opinião do Professor Crespo, no que tange ao comparativo com o presidente brasileiro Michel Temer, Mauricio Macri está em vantagem.
"Na comparação com Michel Temer, é certo que Mauricio Macri tem sobressaído", afirma Crespo. "Ele tem encontrado muita receptividade pelo mundo. Esteve com dois presidentes dos Estados Unidos (Barack Obama e Donald Trump), e tantos outros líderes. Reafirmo, porém, que no terreno econômico Macri ainda tem muito a fazer pela Argentina, que enfrenta graves problemas, como redução da atividade produtiva e desemprego em grande escala. Então, para exercer uma liderança, é preciso oferecer alguma coisa de substancial ao mundo."
O economista político da UFRJ acrescenta: "Agora, na comparação com o Brasil, pelo menos no terreno diplomático, é óbvio que Macri está em vantagem sobre Temer. O argentino tem legitimidade, pois venceu eleições, e do ponto de vista político está diante de um cenário completamente diverso do brasileiro. Para efeitos diplomáticos, Macri está bem à frente de Temer."
Para a imprensa internacional, não há dúvida de que Macri trilha um caminho diverso do de Temer. Ao optar, por exemplo, por comparecer à posse de Lenin Moreno, sucessor de Rafael Correa na Presidência do Equador, Macri demonstrou publicamente que as relações internacionais estão acima de quaisquer divergências ideológicas. E, ao se oferecer para intermediar o impasse entre o presidente dos Estados Unidos e o do México, em torno da pretendida construção de um muro divisório na fronteira dos dois países, Macri procura despontar como possível canal de diálogo para superar impasses entre Donald Trump e Enrique Peña Nieto.
Mas, ainda na visão de Eduardo Crespo, um fator que considera fundamental marca a diferença entre os presidentes do Brasil e da Argentina: "Mauricio Macri tem legitimidade."