Por que Putin evitou sobrevoar espaço aéreo da OTAN a caminho da cúpula do G20?

© Sputnik / Aleksei Nikolsky / Acessar o banco de imagensPresidente russo Vladimir Putin sentado em aeronave
Presidente russo Vladimir Putin sentado em aeronave - Sputnik Brasil
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O avião transportando o presidente russo Vladimir Putin para a cúpula do G20 em Hamburgo se desviou quase 500 quilômetros sobre a Finlândia e o mar Báltico para evitar entrar no espaço aéreo da Polônia e dos países do Báltico. Analistas russos refletiram sobre as razões mais prováveis para essa manobra.

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De acordo com os dados do FlightRadar 24, o avião Il-96-300PU do presidente russo se desviou da possível rota direta sobre os territórios da Bielorrússia e da Polônia, em vez disso sobrevoando o mar Báltico e Estados não membros da OTAN, como a Finlândia e Suécia, antes de entrar no espaço aéreo da Dinamarca e Alemanha. O porta-voz do presidente, Dmitry Peskov, por sua vez, se recusou a comentar a razão para o desvio. 

O presidente russo sobrevoou o espaço aéreo polonês muitas vezes no passado, inclusive durante sua anterior viagem à Europa em maio para se encontrar com o presidente francês Emmanuel Macron. O avião presidencial também sobrevoou o território da Lituânia em outubro passado.

No entanto, desta vez o desvio do avião, bem como a falta de explicações detalhadas do Kremlin, provocou especulações loucas em alguns meios de comunicação ocidentais, incluindo os jornais britânicos Daily Mail e The Sun, de acordo com os quais Putin, provavelmente, "teria medo de ser abatido".

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Analistas menos precipitados dizem que há uma razão mais simples e lógica para explicar a decisão de voar sobre o mar Báltico citando o incidente do mês passado, quando um F-16 polonês se aproximou perigosamente perto do avião do ministro da Defesa russo Sergei Shoigu.

A equipe de segurança de Putin, segundo alguns analistas, escolheu muito provavelmente evitar a repetição do incidente provocador, especialmente em meio a uma campanha inspirada pela teoria de conspiração em Varsóvia, que diz ter a Rússia sido responsável pela queda do avião presidencial em Smolensk, Rússia, em 2010, que resultou na morte do presidente Lech Kaczynski.

Falando para o jornal on-line russo Svobodnaya Pressa, o especialista em relações internacionais, Aleksei Martynov disse que ele tem toda a certeza que o serviço de segurança do presidente russo tem várias estratégias para implementar e assegurar sua segurança. "Vladimir Putin não é apenas o presidente da Rússia, mas um líder mundial. [Os encontros] em Hamburgo demostraram isso de modo claro", notou.
"O fato de não sabermos tudo sobre incidentes ligados ao presidente, é um sinal que a segurança dele é de alto nível", acrescentou.

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Considera-se que a frota russa de Il-96-300PU presidenciais compreende quatro aviões. As aeronaves têm uma série de software de segurança avançados, incluindo uma cobertura protetora ao longo da carcaça para confundir radares, sistemas de interferência contra mísseis e até seu próprio sistema de defesa aérea. Acredita-se também que contenham um sistema de resgate para seu passageiro VIP. Todo este equipamento ganha especial importância quando o presidente está voando para países onde seus aviões não podem ser escoltados por aviões de guerra russos.

Aleksandr Khramchikhin, vice-diretor do Instituto de Análise Política e Militar de Moscou, pensa que a segurança do presidente tomou a decisão certa ao evitar o espaço aéreo polonês, dada a atual situação internacional.

"A Força Aérea da Polônia é a única no mundo que possui tanto equipamento norte-americano como russo. Nomeadamente, eles têm 48 caças F-16, cerca de 30 aviões MiG-29 e uns 30 caças-bombardeiros Su-22 em serviço com outros 20 em reserva […] Os sistemas de defesa antiaérea terrestres incluem uma bateria de Patriot dos EUA, assim como S-200 e sistemas de defesa antimíssil Krug da época soviética", explicou o analista.

Em outras palavras, embora a razão real para o desvio do avião de Putin possa nunca vir a ser revelada oficialmente, o lema atual de seu serviço de segurança parece ser "antes prevenir que remediar", especialmente após a provocação com o avião do ministro da Defesa.

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