O portal russo Lenta.ru tentou calcular alguns roteiros possíveis.
É possível que, depois de sua derrota, os terroristas do Daesh organizem unidades de resistência ou deponham as armas e voltem para suas famílias. Os radicais estrangeiros que não querem voltar para suas casas, temendo uma perseguição judicial, provavelmente vão viajar para outras partes do mundo a fim de lutar pelo califado.
"Os jihadistas do Daesh não iniciam as guerras, eles vão para lugares onde o Estado já caiu e onde o nível de violência política é muito alto", diz o chefe do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos da Academia de Ciência da Rússia, Vasily Kuznetsov, citado pelo portal.
Assim, os jihadistas viajam para áreas onde a guerra já começou ou onde existe um campo pago para ela, disse o entrevistado.
Líbia
Depois da queda do Governo de Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia ficou mergulhada no caos e na anarquia, e o Daesh não demorou em decidir se beneficiar dessa situação. Os primeiros representantes deste grupo chegaram ao país em 2014 e conseguiram convencer os islamistas a jurar lealdade ao "califa" Abu Bakr al-Bagdadi.
Hoje em dia, o país africano é agitado por frequentes atentados. Na falta de um Governo centralizado, a Líbia de verdade parece um lugar muito atraente para o Daesh.
Iêmen
Outro país destruído por um conflito armado é o Iêmen. A guerra civil entre rebeldes houthis e o atual Governo, apoiado pela Arábia Saudita, dura desde 2015. Durante estes dois anos o grupo terrorista sunita Al-Qaeda, proibido na Rússia se tornou poderoso na região.
Para os terroristas, o Iêmen é o campo de batalha ideal. O único obstáculo para os integrantes do Daesh é a Al-Qaeda, o seu inimigo principal. Os radicais do Estado Islâmico se mostram pouco dispostos a fazer as pazes com o seu rival na jihad mundial, pelo menos agora.
Indonésia
Recentemente, a atividade dos terroristas aumentou no Sudeste Asiático, região com um número significativo de muçulmanos.
Em particular, os radicais do Daesh podem apostar na Indonésia, o país com a maior população muçulmana do mundo.
O obstáculo principal para o Daesh neste país é a ideologia dominante da Indonésia, a Pancasila, proclamada um pouco antes de o país se tornar independente. Esta filosofia estatal promove a fé em Deus, a democracia, a justiça social e a unidade do povo indonésio. A ideologia Pancasila ajudou a frear a propagação do jihadismo na Indonésia.
Por agora, Jacarta está ganhando a batalha contra o Daesh em seu território, mas não se sabe se será capaz de lidar com esse problema no futuro, quando uma onda de radicais chegar ao país vindos, por exemplo, da Síria.
Antiga república da URSS
Entre os países da Ásia Central que, no passado, fizeram parte da União Soviética, talvez o mais destacado na ofensiva jihadista seja o Tajiquistão. Os naturais deste país são alguns dos mais ativos combatentes do Daesh. Por sorte, o próprio Tajiquistão ainda não tem uma presença considerável de jihadistas no seu território.
Duchambe faz fugir todos os islamistas; o Partido do Renascimento Islâmico do Uzbequistão (PRIT), que participava da vida política do país desde 1993 foi proibido e considerado grupo terrorista em 2015. Os especialistas dizem que o PRIT desempenhou um papel muito importante no Tajiquistão porque convencia a população a não seguir os jihadistas. Então, assim que o proibiram, houve um aumento significativo no número de tadjiques que se juntaram aos radicais, mesmo entre os estudantes.
Será que tem remédio?
Enquanto países como a Líbia e o Iêmen estão destinados a ser vítimas da nova ofensiva de jihadistas estrangeiros, outros países muçulmanos do mundo ainda têm tempo suficiente para impedir que a "bandeira negra do califado" seja içada sobre seus palácios presidenciais, conclui o artigo do Lenta.ru.