Segundo o tenente-coronel Ivan Kratochvil, o objetivo destes exercícios é que os tchecos "se acostumem à presença de tropas estrangeiras" no país, principalmente as dos EUA.
"A OTAN, assim como a elite política tcheca, está tentando transformar a opinião pública tcheca, "reeducar-nos" para aceitarmos como algo normal o fato de nosso Exército ser atualmente controlado pela Bundeswehr [alemã]", comenta à Sputnik República Tcheca.
Quanto ao pretexto formal para realizar os treinamentos, isto é, a criação de um sistema conjunto de defesa aérea, o militar assegura que, nos anos 90, a Tchecoslováquia dispunha de um excelente sistema de defesa aérea.
"Após a divisão do país, a República Tcheca obteve, na minha opinião, um dos melhores sistemas de defesa aérea do mundo. Porém, mais tarde, tudo foi destruído. Os sistemas de mísseis, os mais modernos, foram jogados no lixo", lamenta o militar tcheco.
"Enviar o Exército tcheco para a frente leste para combater contra a Rússia? Deus nos livre!", sublinha.
O militar tcheco recorda que na História já houve este tipo de intenções: na época do Império Austro-Húngaro, durante a Primeira Guerra Mundial, e também durante a Segunda Guerra. "Mas então o protetorado enviou as tropas à Itália para não as dirigir à frente leste, porque se sabia que os tchecos passariam em massa para o lado da Rússia".
"A unidade dos povos eslavos não é ficção, continua tendo forças hoje. Lutar contra os russos é lutar contra nós mesmos, prejudicar-nos a nós próprios. Durante séculos, a existência da Rússia tem sido um apoio moral e espiritual para os tchecos contra as intenções de destruir nosso povo e germanizar a nação tcheca", destaca.
"Durante as manobras, toda esta armada militar vai até ao Leste, até à Ucrânia. As tropas enviadas pelos norte-americanos já superam três vezes o número anunciado a princípio", frisa.
"Todos estes exercícios da OTAN têm por objetivo envolver a Rússia em um confronto, esgotar suas forças, fazer com que gaste mais na defesa. Porém, os russos não são tão simples como podem parecer. Creio que avaliam de maneira sensata a política de beco sem saída da Aliança em nossa região", concluiu.