A ideia da empresa irritou muitos pescadores, que dizem que o despejo terá um efeito direto sobre seus meios de subsistência.
"Liberar [trítio] no mar criará uma nova onda de rumores infundados, invalidando nossos esforços", disse Kanji Tachiya, chefe de uma cooperativa de pescadores local, à Kyodo News.
Desde o desastre de 2011, os pescadores locais sofreram devido à percepção pública de que qualquer peixe capturado na área está contaminado e geralmente não é bom para o consumo.
O incidente de Fukushima incitou dezenas de países e a UE a proibir temporariamente certas importações de peixe do Japão. 33 países mantiveram a proibição, de acordo com um relatório divulgado em março pelo Japan Times.
De acordo com funcionários da fábrica, o despejo de trítio representaria apenas um risco leve para a saúde humana, mas evitaria que um acidente potencialmente mais grave ocorresse no local, onde um total de 580 tanques dos resíduos seguem armazenados.
"Este acidente aconteceu há mais de seis anos e as autoridades deveriam ter conseguido criar uma maneira de remover o trítio em vez de simplesmente anunciar que iriam despejá-lo no oceano", disse Aileen Mioko-Smith, ativista antinuclear da Green Action Japan, afirmou ao jornal britânico The Telegraph.
"Eles dizem que será seguro porque o oceano é grande, por isso será diluído, mas isso estabelece um precedente que pode ser copiado, essencialmente permitindo que qualquer pessoa despeje resíduos nucleares nos nossos mares", acrescentou Mioko-Smith.
Embora a liberação de água de trítio atinente no oceano seja aparentemente comum nas usinas nucleares, a falta de aprovação dos pescadores locais causou conflitos na comunidade em torno de Fukushima e arrastou o processo.
"Nós poderíamos ter decidido muito mais cedo, e essa é a responsabilidade da TEPCO", anunciou Kawamura em coletiva de imprensa, acrescentando que ele pressionaria a força-tarefa do governo para oferecer um cronograma claro sobre quando a aprovação do plano.