Reforma da Ucrânia
Durante uma coletiva de imprensa especial, Zakharchenko leu o Ato Constitucional da Malorossiya, assim como uma declaração política. O líder da república autoproclamada declarou a criação do novo Estado por parte dos "representantes das regiões da antiga Ucrânia".
O líder da república autoproclamada explicou que o Estado ucraniano "foi destruído e não pode ser restaurado". Segundo ele, a situação em Donbass está num impasse e não pode ser resolvida, por isso é preciso um plano para a "reintegração" da Ucrânia.
Ele também mencionou as condições para a realização do projeto: ele deve ser apoiado pelos habitantes da Ucrânia e pela comunidade internacional, mas está pouco claro se isto acontecerá ou não, indica o artigo publicado pelo Lenta.ru.
Donetsk propõe criar uma Assembleia Constituinte que será composta por representantes de regiões diferentes ucranianas para firmar a criação do novo Estado, bem como aprovar a nova Constituição. Está previsto que o novo Estado adira à união da Rússia e Bielorrússia.
Uma declaração estranha
O artigo do Lenta.ru sublinha que a declaração de criação da Malorossiya levanta várias questões. Primeiro, os representantes da autoproclamada República Popular de Lugansk (RPL) negaram sua possível participação no projeto respetivo. Seu líder, Igor Plotnitsky, não comentou a iniciativa de Zakharchenko.
O presidente do Conselho Popular da RPL, Vladimir Degtyarenko, pôs em questão a necessidade da iniciativa de Donetsk. O funcionário da república autoproclamada sublinhou que ninguém os tinha informado nem acordado nada com antecedência sobre este projeto.
Em maio de 2015, o presidente do parlamento da Novorossiya, Oleg Tsarev, explicou que as atividades da união tinham sido suspensas porque esta não correspondia ao plano de solução pacífica no leste da Ucrânia. Além disso, em janeiro de 2017, o próprio Zakharchenko disse que a união da RPL e RPD era impossível por causa dos acordos de Minsk.
No entanto, hoje Donetsk afirma que a Malorossiya não contradiz os acordos firmados em Minsk, mas, pelo contrário, "representa o cumprimento dos acordos de Minsk" que mencionam a restauração do controle sob as fronteiras e da soberania na região, sem precisar os nomes nem o sistema político dos territórios reintegrados, opina o artigo, citando os comentários dos altos funcionários de Donetsk.
Por outro lado, a iniciativa de Donetsk pode provocar o aumento da atividade dos militares e políticos ucranianos. Nos últimos meses, Kiev tem debatido um projeto de lei de "reintegração" de Donbass que não descarta o uso da força militar.
Neste sentido, é possível que a criação da Malorossiya possa resultar no abandono total dos acordos de Minsk e numa nova escalada do conflito em Donbass. O presidente ucraniano, Petr Poroshenko, já prometeu "enterrar" o projeto.