De acordo com o comunicado, assinado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o gabinete de segurança aceitou “a recomendação para todos os organismos de segurança mudarem a sua maneira de inspecionar baseadas em tecnologias e outros meios”.
Enquanto a decisão de Tel-Aviv era anunciada, centenas de palestinos se reuniram para celebrar próximos a uma das entradas da mesquita de Haram al-Sharif, conhecida pelos judeus como Templo Mount. O uso de fogos de artifício por uma pessoa fez a polícia israelense reagir e dispersar o grupo.
O uso de detectores de metais na área sagrada foi definida por Israel após um ataque no último dia 14 ter causado a morte de dois policiais israelenses. Já os palestinos viram a medida como um ataque ao direito de ir e vir ao local sagrado, o que desencadeou episódios de violência e uma nova crise.
Nos últimos dias, vários protestos e confrontos foram registrados em Jerusalém, deixando cinco palestinos mortos. Três israelenses também foram mortos a facadas por um palestino. A situação chegou até o Conselho de Segurança da ONU, que espera por uma solução para a crise até o fim desta semana.
Segundo a mídia internacional, um conversa entre Netanyahu e o rei jordaniano Abdullah II fez com que Israel decidisse pela retirada dos detectores de metais da região – a Jordânia é oficialmente o país guardião dos locais sagrados muçulmanos em Jerusalém.
‘Banho de sangue’ previsível
Artigo publicado pelo jornal israelense Haaretz afirma que os “tomadores de decisão” de Tel-Aviv mais uma vez ignoraram os alertas de que um “banho de sangue” poderia ocorrer com a instalação dos detectores de metais em Templo Mount.
A publicação relembra uma situação semelhante ocorrida em junho de 2014, quando policiais israelenses alertaram o governo que qualquer mudança no ‘status quo’ na região sagrada teria graves consequências. Não adiantou.
“Uma semana depois, os corpos dos três adolescentes israelenses que haviam sido sequestrados e assassinados em Gush Etzion foram encontrados; Mohammed Abu Khdeir foi assassinado e todo o inferno se instalou. Houve tumultos em massa em Jerusalém, como os que não foram vistos desde a primeira intifada, que então se transformou em ataques terroristas e esfaqueamentos. Esse desprezo custou muitas vidas”, aponta o artigo.
O jornal israelense cita ainda outro caso em 1996, durante os tumultos de Kotel Tunnel. Em comum em todos os casos, o fato de que “os tomadores de decisões israelenses optaram por ignorar as advertências”.
“Desta vez, eles explicaram que os detectores de metais, como os túneis Kotel ou a entrada do presidente da oposição ao Monte antes deles, eram essenciais para preservar a honra nacional. Mais uma vez, eles provaram que Israel apenas reconsidera suas ações depois que o sangue foi derramado. Todos os esforços feitos por Israel para realizar um grande passo no Monte do Templo ou perto dele terminaram em derramamento de sangue e, no final, enfraqueceu a soberania israelense no Monte”, emendou o artigo.
A publicação conclui que é preciso que os governantes israelenses deixem de ignorar as consequências de suas decisões e mudem a abordagem diplomática para lidar com assuntos de tamanha complexidade, algo que nenhum líder recente do país se mostrou capaz de fazer.