“Será particularmente lamentável porque isso seria um ato de agravamento e cinismo excepcional”, afirmou o líder da Rússia ao analisar a possível implementação das medidas antirrusas por parte da Casa Branca.
“É uma tentativa óbvia [dos EUA] usar suas vantagens geopolíticas na luta competitiva com o objetivo de garantir seus interesses econômicos à custa de seus outros aliados”, emendou Putin, demonstrando irritação com a postura do governo de Donald Trump.
Segundo Putin, a aplicação extraterritorial da legislação dos EUA é inaceitável, pois leva ao colapso do sistema de relações internacionais.
“Quanto à natureza extraterritorial da legislação dos EUA, tenho falado sobre isso há muito tempo, a partir de 2007… Esta prática é inaceitável, destrói as relações internacionais e o direito internacional”, afirmou.
“Nós nunca concordamos com isso e nunca concordaremos. Quanto à forma como outros Estados reagem a isso, depende do grau de sua soberania e da prontidão para defender seus próprios interesses nacionais”, sublinhou Putin.
“Imprudência”
O presidente advertiu que Moscou já está ficando sem paciência com a “imprudência” de Washington.
“Como você sabe, nosso comportamento é muito moderado, paciente, mas, em algum momento, teremos que apresentar uma resposta. É impossível suportar indevidamente a imprudência em relação ao nosso país”, disse Putin.
Ele disse que Moscou “ainda não viu a versão final (da legislação de sanções dos EUA), é por isso que não temos uma opinião final sobre a questão”. “Mas vemos isso por um longo período de tempo [houve] constantes tentativas de nos provocar”, acrescentou o líder russo.
Putin acrescentou que, como com a expulsão de diplomatas russos dos EUA pela administração extrovertida de Obama, “as sanções são ilegais em termos de direito internacional. Eles violam os princípios do comércio internacional e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.
Na terça-feira, foi aprovado pela Câmara dos Deputados dos EUA o último pacote de sanções, visando as principais indústrias de defesa, mineração, transporte marítimo e ferroviário da Rússia.
As restrições também incluem penalidades para as empresas europeias envolvidas em projetos conjuntos de energia da União Europeia (UE) com a Rússia, sendo o gasoduto Nord Stream 2, da companhia russa Gazprom, o alvo mais provável das novas sanções.
As novas restrições impostas por Washington causaram indignação não só em Moscou, mas também em Bruxelas.
Os principais funcionários da UE, incluindo o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, criticaram as sanções como unilaterais e uma ameaça à segurança energética europeia, prometendo apresentar medidas de retaliação.