De acordo com especialistas ouvidos pela Agência AFP, a chance de um desestabilização em um país marcado por golpes militares e muita instabilidade política é hoje remota.
Acusado de corrupção, Sharif perdeu o cargo por ordem da Suprema Corte do país – ele nega ter cometido irregularidades – e pôs fim à expectativa de que, finalmente, um primeiro-ministro completaria os cinco anos de mandato no comando da nação.
“Em um país tão volátil como o Paquistão, há boas razões para se preocupar sempre que um primeiro ministro é destituído”, disse Michael Kugelman, do Centro Wilson, baseado em Washington.
Contudo, a tendência é que o poder siga na mão no partido de Sharif, o Partido Muçulmano do Liga-Nawaz do Paquistão, com viés amplamente civil.
“Mas minha impressão é que tudo acabará se encaixando em seu devido lugar — um sucessor será escolhido e o atual governo concluirá o seu mandato”, avaliou Kugelman.
A avaliação se baseia no período de crescimento econômico e na melhoria das condições de segurança em uma nação marcada por diversos conflitos ao longo de 70 anos de história.
Mesmo afastado, Sharif e o seu partido detêm a maioria no Parlamento paquistanês, o que significa que o seu sucessor terá, em maior ou menor impacto, a sua benção para concluir o mandato, que terminaria em 2018.
“Sharif apresentará alguém do partido. Obviamente, sua personalidade não carregará tanto peso (como Sharif)… Mas no momento podemos dizer que o primeiro impacto do julgamento não provou ser desestabilizador”, opinou o analista político Hasan Askari.
A estabilidade paquistanesa possui um componente importante para a região, sobretudo pelo país possuir uma rixa histórica com a vizinha Índia (outra nação com armas nucleares) e ser ponto de fluxo de pessoas que fogem da violência ainda presente no Afeganistão.