A pesquisa, realizada em municípios com mais de 50 mil habitantes em todo o país, foi feita por telefone nos dias 24 e 26 de julho com pessoas acima dos 16 anos. O Avaaz é um movimento global que conta com 8 milhões de membros no Brasil e 44 milhões em todo o mundo.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Jorge Abrahão, membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos — uma das entidades organizadoras do Fórum Social — diz que a pesquisa revela uma realidade já bastante conhecida: com o apoio da maioria do Congresso, Temer não depende da aprovação popular. As últimas pesquisas de opinião apontam que o presidente atingiu no mês passado o mesmo grau de reprovação recorde, de 95%, o mesmo detido por José Sarney, no fim da década de 80, quando o país vivia um quadro de hiperinflação.
"O que o sustenta, na verdade, é o parlamento, que não está permitindo que haja as denúncias. Ele independe de apoio popular, porque ele tem um processo de conivência e cumplicidade dos parlamentares que têm os mesmos interesses que ele. É um grupo que está tentando evitar o aprofundamento da punição de pessoas envolvidas em atos ilícitos e de corrupção. Lamentavelmente nosso Congresso está composto por pessoas do mesmo calibre", diz Abrahão.
Na visão do representante do Instituto Ethos, esse apoio não é dado tanto pelos ministros, mas pela base parlamentar, da qual, lembra Abrahão, boa parte está sendo acusada.
"Você cria um círculo pernicioso para o país que mantém um determinado grupo no poder e aí a opinião pública não vale, porque ela não está conseguindo se mobilizar para ações contrárias. Esse Congresso foi eleito sob uma outra legislação em que o poder financeiro tinha um impacto enorme nas eleições. De lá para cá houve a proibição do financiamento privado de campanhas. Esse Congresso foi eleito sob a égide de uma legislação que faz com que 44% dos deputados sejam empresários. Há uma desproporção em função do poder econômico. Estamos criando uma situação muito interessante para avançar num voto mais digno das pessoas, mais consciente. Acho que a sociedade vai se preparar para eleger um Congresso com pessoas que tenham um outro patamar de reputação", conclui Abrahão.