O acordo entre as autoridades e Ari Harow foi assinado nesta sexta-feira. O ex-chefe de gabinete de Netanyahu deve colaborar sobre dois casos que envolvem o primeiro-ministro e que estão sendo investigados pela polícia local. Como uma espécie de delação premiada, Harow pagará uma multa, prestará serviços comunitários e não será enviado para a prisão.
A decisão do ex-aliado em colaborar é vista como um duro golpe contra Netanyahu, que aos 67 anos está em seu quarto mandato como primeiro-ministro, e é investigado a respeito de presentes recebidos por ele e por sua família, fruto do relacionamento com empresários do país, e por conversas que manteve com um jornal local.
Da sua parte, o primeiro-ministro israelense já prestou depoimento à polícia em duas oportunidades. Ele classificou as investigações como uma “caça às bruxas” e negou ter cometido qualquer irregularidade. “Continuo o meu trabalho”, afirmou Netanyahu em um vídeo postado no Facebook.
Segundo informações da rede israelense Channel 2, a polícia irá pedir o indiciamento do primeiro-ministro em pelo menos uma das duas investigações em andamento.
Enquanto colabora com a polícia, Harow será mantido em uma instalação policial, para impedir o vazamento de informações que possam prejudicar as apurações, de acordo com o jornal The Jerusalem Post.
Quem é Ari Harow
Nascido na cidade norte-americana de Los Angeles, foi um conselheiro político e pessoal de confiança para Netanyahu, para quem atuou como chefe de gabinete entre 2008 e 2010, e posteriormente como seu chefe de pessoal de 2014 a 2015.
Harow é suspeito de suborno, fraude, violação de confiança e lavagem de dinheiro em relação a alegações de que ele lançou mão do seu posto no governo em prol dos seus interesses comerciais.
Foram gravações de Harow que revelaram as conversas entre Netanyahu e o editor do jornal Yediot Aharonot, Arnon ‘Noni’ Mozes. No chamado Caso 2000, os dois supostamente negociaram uma cobertura favorável de Netanyahu em troca de seu apoio a um projeto de lei para enfraquecer o Israel Hayom, um jornal rival.
Na última quinta-feira, foi revelado que a polícia está investigando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por suspeita de suborno, fraude e violação de confiança, de acordo com um documento judicial que foi revelado acidentalmente pela imprensa local.
Os detalhes foram revelados após serem incluídos em um documento enviado pela polícia ao Tribunal de Magistrados de Rishon Lezion. O tribunal então impôs sigilo sobre os detalhes das duas apurações – Caso 1000 e Caso 2000 –, e sobre qualquer detalhe do acordo pendente com o ex-chefe de gabinete de Netanyahu.
O pedido de sigilo estará em vigor até 17 de setembro.
O Gabinete de Netanyahu emitiu uma resposta aos relatórios divulgados pela imprensa, dizendo que rejeita completamente as alegações. “A caça às bruxas para derrubar o governo está em pleno andamento, mas vai falhar por causa desta simples razão: não haverá nada porque não havia nada”.