Quase todos os comandantes das unidades posicionadas sabem quem está do outro lado da linha da frente, incluindo os nomes (e não só) dos seus adversários. Ainda mais, eles entram em contato regularmente para conseguir acordos táticos, destaca a matéria.
Contatos bilaterais em plena guerra
Os contatos formais tratam do funcionamento dos postos de controle e da troca de prisioneiros. Para este fim, cada parte dispõe de um "número de emergência" para entrar em contato rapidamente.
No entanto, além da cooperação "de serviço", há muitos contatos informais entre as partes que até tomam a forma do chamado "trolling".
Por exemplo, os passatempos mais populares são os "concertos na rádio depois de escanearem a frequência do inimigo", escreve a mídia.
"Os 'separatistas' — assim na Ucrânia qualificam as repúblicas autoproclamadas — conseguem pôr na rádio canções patrióticas [da época da Segunda Guerra Mundial], como a 'Guerra Sagrada', alegando que todos aqui somos ‘fascistas'", comentou à edição Strana um sargento do exército ucraniano.
Os militares ucranianos lhes pagam na mesma moeda: "Hackeamos suas comunicações e transmitimos o hino da Ucrânia", adiantou o entrevistado.
Para além das brincadeiras
Os comandantes conseguem acordar tréguas temporárias ou mesmo se parabenizarem uns aos outros pelo aniversário, cessando as hostilidades por toda a tarde ou noite, afirmou outro militar questionado.
Durante estas trocas, também se discutem os detalhes de recentes confrontos ou posições políticas.
"Coincidimos [com as milícias] em que nas trincheiras somente estão aqueles que não têm nada a perder. […] Porém, logo surgem duas discrepâncias: nos rotulam de 'fascistas' e dizem que somos criados dos americanos. Claro que lhes respondemos de mesma maneira. Ou seja, nos comunicamos, mas não confraternizamos", contou o militar de apelido Foma.
Além disso, é interessante que muitos militares gerenciam uma espécie de "blogs" em suas redes sociais, comentando a situação na frente de combate não só por escrito, mas com fotos das áreas onde neste momento está seu destacamento.
Porém, os jornalistas não são autorizados a tirar fotos na linha de frente com pontos de referência evidentes, bem como mencionar os números das unidades. As assessorias de imprensa argumentam isso com o perigo do inimigo usar essas imagens ou textos para realizar ataques de artilharia ou diversões.