Entrega de armas a Kiev é ditada pela 'natureza mercantilista' dos EUA?

© AP Photo / Simon WalkerOs militares americanos lançam um míssil Javelin durante uma batalha com as tropas iraquianas em 2003 (foto de arquivo)
Os militares americanos lançam um míssil Javelin durante uma batalha com as tropas iraquianas em 2003 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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A Casa Branca está interessada em aumentar a capacidade militar de Kiev. Foi assim que o conselheiro do presidente norte-americano para a Segurança Nacional, Herbert McMaster, comentou os relatos de que o Pentágono teria aconselhado Trump a entregar complexos de mísseis Javelin à Ucrânia.

Em uma entrevista ao canal MSNBC, McMaster frisou que os EUA já estão prestando assistência a Kiev. De acordo com o general, não importa qual a forma concreta de ajuda e a Casa Branca está considerando várias variantes.

"A questão consiste em saber qual a forma que a Ucrânia necessita, sendo que esta deve corresponder aos nossos interesses e ao desejo comum de fazer com que a Rússia pare de levar a cabo novas ações para desestabilizar a situação", afirmou.

Segundo observou o militar americano, as ações de Washington devem se basear nas necessidades de Kiev de "impedir invasões ulteriores" do território ucraniano.

Pentágono está pronto para atuar

Mais cedo, o canal NBC News comunicou, citando altos oficiais anônimos, que o Departamento de Defesa dos EUA recomendou oficialmente à Casa Branca a entrega de modernos armamentos antitanque a Kiev. Trata-se dos complexos de mísseis Javelin, no valor total de cerca de US$ 50 milhões.

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De acordo com o canal, atualmente as autoridades americanas estão escolhendo em entregar os sistemas diretamente ou envolver alguns mediadores, bem como avaliando se os especialistas americanos serão capazes de treinar os efetivos ucranianos para que estes possam usar os Javelin.

O almirante retirado, ex-comandante em chefe das forças da OTAN na Europa, James Stavridis, chamou os planos do Pentágono de um "passo correto" e vê nesta iniciativa uma influência direta do chefe da entidade militar americana, James Mattis.

Stavridis tem certeza de que as entregas destes complexos "aumentarão as capacidades de contenção da Ucrânia" e "farão os agressores russos pensarem antes de usar suas armas ofensivas".

Antes do NBC News, tais informações foram divulgadas pelo The Wall Street Journal. Suas fontes na esfera militar e diplomática frisavam que os planos do Pentágono teriam sido elaborados em parceria com o Departamento de Estado. Até se comunicava que esta iniciativa poderia não se limitar a complexos de mísseis e seriam possíveis também entregas dos armamentos de defesa antiaérea.

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Acredita-se que todas estas medidas "limitarão os riscos de escalada" do conflito em Donbass, deixando Kiev de ser acusada de ações ofensivas. Caso os militares ucranianos utilizem os equipamentos de forma errada, Washington poderá retirá-los em qualquer momento, afirmou o WSJ.

Interesse de uma nação mercantilista

Já faz muito que se travam discussões sobre as entregas de armas americanas à Ucrânia. O Kremlin, por sua vez, chamou os relatos recentes de "considerações geopolíticas" e frisou que a postura de Moscou quanto a este assunto não mudará.

O porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, tem várias vezes realçado que as entregas de armas a Kiev levariam a uma escalada de conflito no leste da Ucrânia, por isso todos os países, especialmente aqueles que esperam "tomar alguma parte do processo de paz" deveriam evitar provocações.

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Os representantes da República Popular de Donetsk (RPD), por sua vez, afirmam que já faz muito que os países da Aliança Atlântica armam os efetivos ucranianos de forma ilegal, mostrando granadas de estilhaço usadas pelos militares ucranianos na região de Avdeevka.

De acordo com o vice-chefe do comando operativo da RPD, Eduard Basurin, estas granadas são produzidas na Bulgária, e, sendo que este país faz parte da OTAN, isto é a prova da ajuda militar ilegal do Ocidente prestada a Kiev.

A Duma de Estado russa, por seu turno, afirmou que, neste sentido, os EUA perseguem objetivos meramente comerciais, ou seja, tentam lucrar com o conflito ucraniano.

"Os americanos, bem como seu presidente, sempre têm sido uma nação mercantilista. Eles fazem tudo exclusivamente em interesse do seu país, mesmo caso isto prejudique os interesses dos outros países. É nada mais que uma tentativa de vender armas sob pretexto inventado de luta contra uma agressão externa", afirmou o primeiro representante adjunto do Comitê de Defesa da Duma de Estado, Aleksandr Sherin, em uma entrevista ao RT.

O deputado tem certeza de que, caso as entregas sejam acordadas, junto com as armas chegarão à Ucrânia instrutores americanos. E estes instrutores, segundo ele, ganham bastante dinheiro, já que as despesas, na maioria das vezes, são assumidas pela parte receptora.

"Neste caso, com estas entregas, Kiev gastará o dinheiro que deveria alocar à política social", resumiu.

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