Reconciliação na Síria: o que fazer após a criação das zonas de desescalada?

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Centro russo de Reconciliação na Síria entrega ajuda humanitária ao povo sírio - Sputnik Brasil
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A delimitação das zonas de desescalada é uma medida muito importante para a restauração da paz no país devastado pela guerra, mas essa é só a primeira fase no processo de reconciliação, afirma o analista político russo Boris Dolgov. Ele avança o que deverá ser feito para pôr fim às hostilidades iniciadas há cinco anos.

O estabelecimento das zonas de desescalada (ou de segurança) na Síria não será o suficiente para restabelecer a paz no país. O próximo passo deve ser a transformação das unidades da oposição armada em forças políticas, explicou à Sputnik Boris Dolgov, pesquisador sênior do Centro dos Estudos Árabes e Islâmicos junto à Academia das Ciências da Rússia.

"Eu gostaria de salientar uma coisa bastante óbvia mas que passa despercebida a muitos: a presença de dezenas de milhares de militantes armados na Síria não é o melhor ambiente para a solução política do conflito", diz ele.

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Na opinião de Boris Dolgov, a Colômbia pode servir de exemplo de como um grupo armado (neste caso, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que havia combatido o governo durante décadas se transformou em força política, que se mantém ativa até hoje. Essa seria a solução ideal para a Síria, apesar de haver um longo caminho a percorrer, acredita o especialista.

Relativamente à possibilidade de cooperação entre a Rússia, os EUA e a Turquia na Síria, isso é bastante improvável devido às diferenças consideráveis de interesses que cada um desses países persegue no Oriente Médio, afirma.

"Além disso creio que as sanções adotadas pelos EUA contra a Rússia são uma medida voltada à intensificação do confronto com Moscou. A Rússia respondeu de forma bastante dura, apesar de preferir atuar de forma mais moderada e flexível na arena internacional.  Essas sanções, sendo atos hostis, podem ter em certa medida um impacto negativo sobre a situação na Síria. Justamente por isso, qualquer operação conjunta na Síria envolvendo a Rússia, a Turquia e os EUA está fora de questão", concluiu o especialista.

Entretanto, na terça-feira (8) o jornal israelense Haaretz divulgou  que Israel, a Rússia e os EUA haviam mantido várias rodadas de negociações secretas para debater o cessar-fogo na parte sul da Síria e estabelecer as áreas de desescalada antes que o acordo de cessar-fogo russo-americano foi anunciado no dia 7 de julho.

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As reuniões foram realizadas na capital da Jordânia, Amã, e em uma capital europeia, tendo no foco o estabelecimento das zonas de segurança nas fronteiras sírio-israelense e sírio-jordaniana.

Em 3 de agosto o Ministério da Defesa russo anunciou a criação da terceira zona de desescalada na Síria, ao norte da cidade arrasada de Homs. O acordo entre os militares russos e a chamada "oposição moderada" foi alcançado durante as conversações no Cairo, Egito, a 31 de julho. A área delimitada inclui 84 povoados com uma população superior a 147 mil habitantes.

O acordo de criação das zonas de desescalada na Síria foi celebrado a 4 de maio em Astaná, Cazaquistão, numa reunião entre a Rússia, o Irã e a Turquia, que passaram a ser países fiadores do cessar-fogo na Síria. Foram criadas quatro zonas de desescalada: na província de Idlib (norte da Síria); no norte da província de Homs; em Ghouta Oriental, a leste de Damasco; no sul do país, incluindo partes das províncias de Daraa e Quneitra.

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