Luiz Philippe de Orleans e Bragança, 48 anos, é descendente direto de personalidades históricas como Dom Pedro II e Princesa Isabel Leopoldina. Sua família pertence ao Ramo de Vassouras, que detém o direito à eventual sucessão ao trono no eventual caso de o Brasil vir a adotar o regime monárquico. Mestre em Ciências Políticas pela Universidade de Stanford (EUA), trabalhou na área de planejamento financeiro da Compagnie de Saint-Gobain e adquiriu vasta experiência em investimentos nos bancos especializados JP Morgan, em Londres, e Lázard Freres, em Nova York, além de atuar como diretor de desenvolvimento de negócios da America Online para a América Latina.
Para Luiz Philippe, os brasileiros se desencantaram com a política mas, recentemente, recuperaram o gosto pela discussão:
“A vontade de engajamento político do povo brasileiro foi despertado há três anos. Ele existe de fato e é uma boa notícia. Temos então um grande futuro com o povo engajado. Existe porém a necessidade de se explicar como funciona a máquina pública porque o processo de deterioração do Poder Público tem sido constante, independente de quem ocupa o cargo [de Presidente da República]", disse.
Segundo ele, "deu-se uma decepção entre o final do primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff e sua reeleição, com a percepção de fraude muito grande que culminou com o impeachment da Presidente". "E o Estado brasileiro – não o Poder que foi substituído — mas o Estado em si tem sido mitigado em benefício daqueles que, nesse momento, ocupam cargos de governo ou são governo neste momento. Então, a deterioração do Estado continua apesar de ter havido uma troca de poderes e, portanto, de governantes”, acrescentou.
Para Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, é inegável a perda de qualidade da atividade política, em detrimento do próprio povo brasileiro:
“Há uma franca deterioração dos poderes para um sistema cada vez mais autocrático, mais blindado em relação ao povo brasileiro e menos sensível às suas aspirações.”
O cientista político dedica observação especial às reformas que estão sendo postas em prática e as que estão em debate no Congresso Nacional. No entanto, considera faltar propriedade ao governo Michel Temer para implementá-las:
“Do ponto de vista econômico, o pouco que foi feito por este governo [Michel Temer] revela que as reformas são necessárias. Seria uma desinformação dizer que as reformas são ruins para o Brasil. Não são. São reformas legítimas e eu diria até que elas são muito brandas. O Brasil precisa de reformas econômicas muito mais profundas do que estas que estão sendo postuladas aí", observou Luiz Philippe.
"São reformas legítimas só que estão nas mãos de um governo não legítimo. Ou melhor, ele é legítimo sim pela Carta Constitucional mas este governo não tem base popular. Este governo fez parte do governo anterior, um governo envolvido com escândalos de corrupção. Então, dizer que o governo atual não tem nada a ver com o governo anterior é inocência ou querer tapar o sol com a peneira. Temos um grave problema aí: as reformas são necessárias mas não teriam de ser implementadas por um governo que não deveria estar no Poder”, destacou.
Embora considere as reformas necessárias, o cientista político vislumbra poucos resultados práticos:
“Talvez tenhamos uma recuperação branda da Economia, longe do ponto ideal, porque as reformas serão muito pequenas.”
Para Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, é inquestionável o desejo da sociedade brasileira por mudanças políticas imediatas totais:
Em outubro próximo, Luiz Phillipe de Orleans e Bragança lançará o livro “Por que o Brasil é um país atrasado?” em que abordará, com maior profundidade, os conceitos enunciados nesta entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil. O livro será publicado pelo Grupo Editorial Novo Conceito.