Opinião: 'problema russo' dos EUA não é Putin, mas o próprio país

© Sputnik / Mikhail Klimentiev / Acessar o banco de imagensPresidente russo, Vladimir Putin, e presidente norte-americano, Donald Trump, durante a cúpula do G20 em Hamburgo
Presidente russo, Vladimir Putin, e presidente norte-americano, Donald Trump, durante a cúpula do G20 em Hamburgo - Sputnik Brasil
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O jornal Político analisou a situação atual das relações entre Moscou e Washington, e chegou à conclusão de que nenhum dos dois países vai ceder definitivamente. Então, que abordagem tem que ser adotada?

Apesar da "personificação" do atual declínio nas relações bilaterais com a figura do presidente russo, Vladimir Putin, na realidade "ao longo de dois séculos as relações sempre foram bastante difíceis", escreve o autor do artigo, Thomas Graham.

Bandeiras da Rússia e dos EUA - Sputnik Brasil
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Durante toda a história das relações bilaterais, as duas nações sempre estiveram em disputa em relação aos mesmos aspectos: valores, áreas de influência, pilares da ordem mundial.

Por sua parte, a cooperação entre os dois foi escassa e não privada de dúvidas mútuas: até mesmo a luta comum na Segunda Guerra Mundial "foi mais em paralelo que em comum e também resultou em uma divisão da Europa em dois campos rivais", analisa o autor.

Após a dissolução da URSS, vista pelos EUA como uma "vitória" na Guerra Fria, Washington estava esperando que a Rússia, carente de opções, se submetesse à ordem liberal democrática das nações ocidentais e, por uns anos, a devastada economia russa seguiu esse projeto.

"Mas com a restauração econômica e o restabelecimento das tendências tradicionais sob direção de Putin, as tensões históricas voltaram", escreve Graham.

Os EUA têm que aceitar uma "dura verdade": a Rússia não se tornará, em breve, ou nunca, uma "democracia liberal que se encaixe confortavelmente nas estruturas do Ocidente", opina o autor.

Edifício do Ministério de Relações Exteriores - Sputnik Brasil
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Ao mesmo tempo, a posição geográfica, o arsenal nuclear, os recursos naturais, um exército competente, diplomatas de qualidade mundial e a sua aptidão científica garantem à Rússia uma grande presença no cenário mundial.

"Apesar de todos os prognósticos de 'declínio', a Rússia não desaparecerá como um ator importante", comenta o jornalista.

Assim, surge a questão: como devem os EUA negociar com a Rússia?

As sanções fracassarão, diz Graham, pois é pouco provável que Washington consiga isolar uma das maiores economias do mundo, especialmente quando outras grandes potências, como a China e a Índia, não estão dispostas a se submeter ao plano norte-americano.

O pragmatismo deve reinar nas relações com Moscou, focado em "manobrar na rivalidade geopolítica para minimizar o risco de um conflito", propõe Graham.

"Os EUA devem defender com rigor os seus interesses vitais. Mas, ao mesmo tempo, têm que estar preparados para buscar compromissos em assuntos que não lhes ameaçam", explica jornalista.

No caso da Ucrânia, na opinião de Graham, Washington se deve exigir a restauração da integridade territorial e da soberania do país, mas, ao mesmo tempo, há que encontrar alternativas para o plano de incorporar Ucrânia à OTAN, tomando em consideração a posição de Moscou.

Representante oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova, durante a entrevista coletiva em Moscou, Rússia, 15 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
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No que diz respeito às interferências eleitorais, os EUA devem proteger a integridade do processo de suas eleições, mas também estarem dispostos a discutir os limites de uma intervenção semelhante na Rússia, dado que o isolamento total é impossível em um mundo interconectado.

Outros assuntos de relevância devem ser considerados da mesma forma.

"As ameaças globais exigem ação conjunta de todos os grandes atores, incluindo os EUA e a Rússia. Uma relação equilibrada, sem acentuar as discrepâncias históricas, seria benéfica para ambos", conclui Graham.

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