Difícil no treinamento, fácil no combate
Centenas de mulheres chegaram dos distritos fronteiriços do Iraque para defender o Curdistão iraquiano e libertar as áreas ocupadas pelo Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia). Desde 2014, as mulheres tem tido treinamentos intensos antes e depois de seu serviço ativo. Foi naquele ano que os curdos, homens e mulheres, decidiram se levantar em luta contra o "califado".
Khamanu Nakshabandi, uma combatente experienciada do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), diz que seus pais se juntaram às forças peshmerga em 1979, inspirando ela a fazer a mesma coisa.
Agora, sob o comando de combatentes com experiência como ela, as jovens curdas estão aperfeiçoando suas capacidades de combate a cada dia, aprendendo a disciplina militar. Estão se preparando para a batalha contra o inimigo que elas veem diariamente a uma distância de apenas alguns quilômetros.
"Após a libertação desta área em 2015, este ponto se tornou o último a ser libertado. Mesmo à nossa frente tudo o que pode ver são aldeias do Daesh", disse Khamanu, acrescentando que a área é curda e antes era habitada por seus ancestrais.
Ela notou que durante os últimos três anos da guerra, ela aprendeu não apenas como combater mas também uma nova língua, o árabe.
Nenhuma diferença dos homens
"Tenho 20 anos e estou aqui para ter orgulho da minha vida e defender o sonho curdo", disse Ayrin Akhmadi, uma das combatentes do PKK.
A mulher afirma que decidiu pegar em armas após ter ouvido histórias sobre mulheres yazidi que foram raptadas, escravizadas e estupradas pelos terroristas.
"Eu tive que tomar a decisão e pegar armas para evitar a repetição disso. Não vejo diferença entre homens e mulheres, posso defender meu país e meu povo', acrescentou.
"Sofri ferimentos graves, mas a dor causada pela morte de minha amiga foi ainda pior. Fui levada ao hospital, mas cerca de um mês depois eu voltei para a linha de frente […] Apelo a todos os homens e mulheres para que lutem contra o Daesh até que este seja derrubado", ressaltou.
"Matei muitos terroristas"
Mani Leylakhi, de 22 anos, também fala sobre o orgulho. "Pegamos em armas para nos sentirmos orgulhosas e para sermos o orgulho de nossa famílias. Estou lutando pelo meu país e pelos curdos".
Desde 2014, a mulher participou de quatro operações militares contra o Daesh e afirma que nunca recuou perante os radicais.
"Sempre participei de combates contra os militantes. Eu atirei neles e eles atiraram em mim. Não tinha medo. Não sei o número exato, mas matei muitos membros do Daesh", disse ela acrescentando que a cada hora elas sentiam que os terroristas se tornavam mais fracos.
A guerra tem também outro lado. Uma vez Mani Leylakhi esteve a um passo da morte quando um homem-bomba em um caro minado se dirigiu para o grupo de mulheres combatentes. Elas foram todas salvas por uma amiga, que se aproximou do veículo e lançou uma granada lá para dentro.