O analista político Mark Sloboda, residente em Moscou comentou as declarações sírias.
"Para mim, o mais impressionante sobre esta notícia é não encontrar nenhuma dessas informações na mídia ocidental. A única maneira é na mídia russa ou em fontes que citam a mídia do governo sírio. É uma suposição automática na mídia ocidental, que simplesmente ignora qualquer coisa que o governo sírio diz. Agora, certamente, não devemos aceitar tudo o que dizem, assimo como com o governo dos EUA, o governo russo, ou qualquer outro governo. Mas ignorar completamente e não informar o que o governo sírio diz é um completo fracasso do jornalismo".
O especialista também afirmou que, para o governo sírio, não faz sentido fabricar e usar armas químicas, uma vez que a guerra está sendo vencida por Damasco.
"As armas químicas são uma arma extremamente ineficaz", afirmou Sloboda. "Depende do uso de agentes específicos. Estamos falando de agentes nervosos como o sarin, que não podem ser armazenados, que devem ser levados para uma determinada área. O uso mais possível para algo assim é liberar um área de tropas inimigas imediatamente. Depois de algumas horas de um grande movimento de suas próprias forças em uma área, há problemas com a entrega do material, há problemas com o efeito em suas próprias tropas, dependendo das condições ambientais e do agente utilizado".
"Se há uma coisa que o conflito sírio provou além de tudo, e eu acho que todos os especialistas já sabiam disse, é que as armas químicas são armas terrivelmente ineficazes em campo de batalha ou como elemento de dissuasão. A única coisa na qual as armas químicas são boas, é em oferecer um pretexto para as operações em países que as possuem. É por isso que eu acredito que o governo sírio, sob solicitação da Rússia, estava tão disposto a acabar com suas armas químicas, porque perceberam que eram muito mais uma responsabilidade do que qualquer tipo de patrimônio militar ou estratégico".
Por essa razão, Sloboda disse não acreditar no uso de armas químicas em larga escala pelo governo Sírio. "Isso simplesmente não faz sentido racional", disse o interlocutor da agência.
"Existem 10 bases militares dos EUA no nordeste da Síria em território controlado por curdos. Os EUA não têm mandato legal para estar na Síria, e eles não cooperam com o governo sírio. Estão violando a Carta da ONU estando lá. [EUA] não possuem nenhuma missão a longo prazo na Síria. É problemático o fato dos seus únicos aliados [na região] serem os curdos, porque o Iraque, a Turquia e todas as outras forças regionais não querem ver surgir um micro-estado curdo extraído da Síria".