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Após o Haiti, qual será o próximo destino dos militares brasileiros? (EXCLUSIVO)

© Sputnik / Igor PatrickMonumento em homenagem aos soldados brasileiros mortos durante terremoto em Porto Príncipe, Haiti, em 2010
Monumento em homenagem aos soldados brasileiros mortos durante terremoto em Porto Príncipe, Haiti, em 2010 - Sputnik Brasil
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O apagar das luzes e o momento de dizer adeus ao Haiti se aproximam. Maior presença militar dentre os países envolvidos na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o Brasil se prepara para encerrar uma das mais grandiosas mobilizações de suas tropas exterior em toda a história.

Ao que tudo indica, porém, o descanso será curto: o Ministério da Defesa está prestes a bater o martelo sobre o próximo destino dos militares brasileiros sob a égide da ONU.

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O sol a pino é o mesmo, a estrada empoeirada também. Mas as tarefas executadas na Base General Bacelar, coração do BRABAT 26, não poderiam ser mais diferentes daqueles primeiros contingentes que desembarcaram em Porto Príncipe em meados de 2004 e encontraram uma polícia corrupta e uma cidade dominada por gangues. Se naquela época se discutiam ações os soldados saíam às ruas para combater inimigos armados com metralhadoras e fuzis, o ambiente agora é dominado pelo som de marteladas.

Desde abril, quando o Conselho de Segurança da ONU aprovou o encerramento da Missão, a rotina comum de patrulhamento e atividade militar também envolve catalogar, etiquetar, auditar e decidir o que fica e o que volta para o Brasil de toda a parafernália utilizada pelas tropas em mais de uma década. É uma tarefa inédita para homens que, além de serem treinados para as funções corriqueiras assumidas por outros contingentes, realizam uma rotina de desmobilização inédita na história recente das Forças Armadas.

Último país a deixar o solo haitiano (ainda permanecem uma companhia de engenharia do Paraguai, um hospital de campanha da Argentina e dois helicópteros do Bangladesh, mas os militares do patrulhamento já foram embora), o Brasil assumiu pela primeira vez as bases no interior do país para manter a segurança dos edifícios até que sejam definitivamente entregues à Polícia Nacional Haitiana (PNH) ou destinados aos donos dos imóveis. As áreas da capital também, aos poucos, voltam para a PNH: em junho, foi realizada a cerimônia de transferência de responsabilidade por Cité Soleil, considerada a favela mais pobre de todo o Ocidente e palco de batalhas sangrentas contra as milícias chiméres logo no início da missão. Julho e agosto reduziram o ritmo e o patrulhamento na rua agora é esporádico.

"A gente percebe um certo desgaste do haitiano. Não se manifestam contrários à nossa presença, até porque com o brasileiro o haitiano verbaliza muito o apoio. Mas assim, é um outro país aqui né […]. Um exemplo: antes, no trânsito os nossos homens desciam do comboio, mandavam parar para as ações fossem realizadas ou para que os veículos oficiais seguissem caminho. Era comum respeitarem a ordem, hoje já necessário uma negociação, um pedido mais efusivo. São 13 anos, o país está melhorando um pouco, vai exaurindo", conta o subcomandante do BRABAT 26, coronel Luís Cláudio Romaguera Pontes.

Próximo destino

A base brasileira em Porto Príncipe está tomada de adesivos. São eles que determinam o que será repatriado ou não ao Brasil. O material com etiqueta amarela será levado a instituições de caridade, os com etiqueta azul serão entregues a ONU e as etiquetas verdes são, justamente, o que está sendo empacotado. Boa parte do tempo do BRABAT 26 foi empregado na construção de enormes caixas de madeira que acondicionarão armamentos e mobiliário que embarcam em contêineres de volta ao Rio de Janeiro e a Pindamonhangaba, interior de São Paulo, até o final de outubro.

© Sputnik / Igor PatrickMilitares brasileiros da missão MINUSTAH.
Militares brasileiros da missão MINUSTAH - Sputnik Brasil
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Militares brasileiros da missão MINUSTAH.
© Sputnik / Igor PatrickEscritório da missão MINUSTAH no Haiti.
Escritório da missão MINUSTAH no Haiti - Sputnik Brasil
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Escritório da missão MINUSTAH no Haiti.
© Sputnik / Igor PatrickMilitares brasileiros da missão MINUSTAH.
Militares brasileiros da missão MINUSTAH - Sputnik Brasil
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Militares brasileiros da missão MINUSTAH.
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Militares brasileiros da missão MINUSTAH.
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Escritório da missão MINUSTAH no Haiti.
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Militares brasileiros da missão MINUSTAH.
Mas eles não devem ficar nessas cidades por muito tempo. Romaguera revelou com exclusividade para a reportagem da Sputnik Brasil o que parece ser o próximo destino das tropas nacionais: a República Centro-Africana. A informação contraria relatos anteriores que davam como certo o envio de homens ao Líbano, país da ascendência do presidente Michel Temer, onde o Brasil já tem um destacamento da Marinha e relações diplomáticas mais sólidas.

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O martelo não está batido, mas ao que tudo indica, de acordo com Romaguera, que "o Ministério da Defesa direciona para a República Centro-Africana (RCA)". O país vive uma situação de caos generalizada desde 2012, quando rebeldes da coalizão Séléka tomaram o poder e forçaram a fuga do então presidente François Bozizé. A França interveio no conflito e desde 2013 mantém tropas no país.

A escolha pela RCA teria sido mencionada mais de uma vez por meio de videoconferências diárias realizadas entre o comando do BRABAT e autoridades brasileiras. O favorito Líbano teria sido posto de lado porque a Espanha, que detém tropas no país, não tem interesse em deixar o comando. Outra opção ventilada, o Chipre, considerada uma missão mais tranquila, possui tropas da Argentina que também não têm planos de sair.

"A ONU não vislumbra uma substituição nesses países, mas já sinalizou que precisaria de um batalhão brasileiro na República Centro-Africana. O Ministério da Defesa quer o quanto antes partir para a próxima missão para aproveitar o legado porque a estrutura criada aqui no Haiti tende a esvaziar, para retomar depois fica pior. A ideia é o quanto antes enviar o pessoal para África […]".

Ainda de acordo com Romaguera, agora são decididas informações de natureza mais técnica, como por exemplo a forma de enviar o material que sai do Haiti à África, no caso de confirmada a nova missão. Como a República Centro-Africana não tem litoral, seria necessário costurar um acordo com o vizinho Camarões. Também será necessário analisar os riscos e a logística por terra (avaliações estas que tendem a ser muito mais minuciosas que a feitas no caso do Haiti dada a complexidade da situação), etc. O Exército, porém, trabalha com uma partida já no ano que vem, embora segundo o coronel, seja "difícil precisar o mês".

Depois de definido o destino, ainda será necessário aprovação do Congresso Nacional, da Presidência da República e do ok do Conselho de Segurança da ONU. Resta saber se, em ano de eleição, toda a tramitação burocrática andará na velocidade que querem os militares.

Atualização 17:32: O nome do coronel Romaguera estava grafado incorretamente na versão anterior do texto. Ao contrário do informado na primeira versão, será o Ministério da Defesa, e não o Exército, quem "baterá o martelo" e decidirá o destino dos militares. O trecho sobre o tamanho do contingente também foi reescrito para evitar ambiguidades. A Sputnik Brasil corrigiu as informações.

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