A decisão política da administração Trump de armar a Ucrânia poderia envolver os EUA em uma guerra com Moscou, que não poderia ganhar, explica Michael Kofman no The New York Times.
Embora, na essência, "ajudar a Ucrânia possa ser admirável" e armar Kiev pareça "um triunfo político fácil", na verdade isso é uma política pobre, escreve o autor, comparando a ideia de gastar cerca de 50 milhões de dólares para fornecer mísseis antitanque à Ucrânia com os esforços desmedidos de Washington para treinar e armar a oposição moderada síria.
A proposta de enviar armas para a Ucrânia chega no momento em que é mais necessário ajudar o país a se transformar do que "atirar um lote de mísseis para as mãos de um exército não renovado", opina o autor do artigo.
Militares dos EUA, como o tenente-general Ben Hodges, compartilham a opinião de que os fornecimentos de armas na zona "não mudariam a situação estratégica de uma forma positiva". Mesmo no caso de um hipotético "ataque russo", do qual não há nenhuma indicação, ressalta o autor, a assimetria de forças entre os dois países não pode ser resolvida com alguns mísseis portáteis.
Levando em consideração a natureza do conflito, que Moscou considera de importância vital para si, há poucas possibilidades de "esgotar" a Rússia na Ucrânia, esclarece Kofman.
Mas o que se conseguiria com o fornecimento de mísseis Javelin à Ucrânia seria converter o conflito ucraniano em uma guerra indireta entre os Estados Unidos e Rússia.
Antes de tomar a decisão de "enviar uma mensagem a Moscou" armando a Ucrânia, os altos funcionários norte-americanos deviam considerar um possível sinal de resposta russo.
"Se a administração Trump vê o conflito na Ucrânia como parte de uma nova Guerra Fria, deve pensar melhor como vai ganhá-la", conclui o autor.