Segundo especialistas, tal atitude dúbia de Pyongyang pode ser interpretada também como uma forma do governo de Kim Jong-un em enviar uma mensagem a Washington: de que está com disposição para negociar, algo que os EUA já demonstraram também estarem interessados.
Para Kim Dong-yup, professor do Instituto de Estudos do Extremo Oriente da Universidade de Kyungnam, tais provocações dirigidas à Coreia do Sul podem ter sido projetadas para manter Seul "refém", posicionando o Norte favoravelmente em lidar com questões relacionadas à Península da Coreia, bem como em relação aos temas entre Pyongyang e Washington.
"Em meio ao confronto com os EUA, a Coreia do Norte pode estar tentando reter a Coreia do Sul como refém, realizando uma simulação de uma invasão das ilhas e lançando projéteis de curto alcance para impedir que os EUA realizem ações militares", afirmou, em entrevista ao jornal sul-coreano Korea Herald.
No sábado, Pyongyang lançou três mísseis em direção ao mar do Japão (também conhecido como mar do Leste), a partir da localidade de Kitdaeryong, na província norte-coreana de Kangwon. Os projéteis voaram por pouco mais de 250 quilômetros e, segundo os EUA, dois deles explodiram durante o voo.
No mesmo dia, Kim Jong-un inspecionou uma simulação de invasão contra a Coreia do Sul nas ilhas fronteiriças de Baengnyeong e Yeonpyeong, segundo a TV estatal norte-coreana Korean Central TV. Tais ações aconteceram enquanto Washington e Seul conduzem exercícios militares conjuntos na região, os quais seguem até o próximo dia 31.
Segundo Kim Yong-hyun, professor de estudos norte-coreanos na Universidade de Dongguk, a estratégia de Pyongyang parece clara: "Como o Norte quer negociações diretas com os EUA, pode ter tentado ajustar o nível de provocações e ter conduzido todas elas em pequena escala desta vez".
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, disse na semana passada que acha possível que a Casa Branca aceite dialogar com a Coreia do Norte "em um futuro próximo". Contudo, Washington quer que o governo norte-coreano interrompa as provocações e aceite negociar um acordo que leve a uma desnuclearização da península.