Uma pesquisa divulgada esta semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o índice de confiança dos brasileiros no Governo Federal chegou a 6%. Em 2013, o mesmo índice era de 33%. O Congresso, assim como os partidos políticos, tem 7%. Já as instituições com os maiores índices de confiança, de acordo com o estudo, foram as Forças Armadas (56%) e a Igreja Católica (53%). Logo atrás aparece o Poder Judiciário com 24%, menos que os 29% que tinha em 2016.
"A gente tem uma crise de representação política que foi gerada por um tipo de presidencialismo de coalizão, que pra veicular a governabilidade teve que cooptar os setores oligárquicos da classe política que estavam disponíveis pra dar apoio ao governo em troca de cargos e, eventualmente, de corrupção. Então quando começou a Operação Lava Jato, essa sensação de crise de representatividade só se aprofundou, e é isso que a gente tá vendo aí", diz ele.
Ao falar sobre a descrença da população na classe política brasileira, o especialista destacou a baixa popularidade e o envolvimento do atual governo de Michel Temer em escândalos da Operação Lava Jato.
"O que acontece é que você tem um Congresso desmoralizado, uma presidência desmoralizada, que é legal, mas é ilegítima. E pra piorar a situação, este Executivo e este Congresso estão mancomunados pra tentar sobreviver e fugir da Justiça, então é a pior situação possível. A gente está preso numa ratoeira que só as eleições de 2018 podem nos livrar", comentou.
O cientista político, no entanto, descartou a possibilidade de uma intervenção militar no país em face à grande crise de representatividade da classe política brasileira e o aumento da poularidade das Forças Armadas.
O especialista também comentou o possível impacto que a queda da confiança no Governo e na classe política pode causar nas eleições presidenciais de 2018. Segundo ele, "haverá muitos candidatos à presidência da República e o cenário não vai ser algo imprevisível".
"Eu acho que se houver algum candidato que esteja identificado com essa revolução do judiciário, identificado com a Lava Jato, ou determinadas posturas republicanas, o ministro aposentado Joaquim Barbosa, se houver umas figuras assim, eu acredito que possa haver um empolgamento da opinião pública que esteja comprometida com esses valores ou com esse movimento", concluiu.