Segundo os organizadores, o partido nasce com objetivo definido: lutar por oportunidades iguais para negros e pobres.
Os responsáveis pela criação do movimento Frente Favela Brasil afirmam que ele será "o primeiro partido do país com o objetivo de representar os 112 milhões de negros e pardos brasileiros".
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, um de seus mentores e criadores, o produtor cultural e empresário Celso Athayde, explicou as razões que levaram à criação da mais recente agremiação política no país.
"Na verdade, a gente criou esse partido com um objetivo muito claro. Nós temos hoje no Brasil 78 milhões de negros que votam no país, e temos hoje apenas 7% de negros com cargos na Câmara dos Deputados em [um total de] 513 [deputados]", afirmou.
De acordo com Athayde, “os negros já fazem parte da sociedade, mas que sempre reclamaram que [eles] pedem cotas nas universidades embora haja movimentos negros e Secretarias pela Igualdade Racial, mas que não disputam poder”.
"Entendemos que também devemos estar na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas, para poder ajudar não somente a participar no processo eleitoral votando, mas também elaborando as leis que vão viabilizar e facilitar as nossas vidas", opinou.
"Igualdade de oportunidades"
Morador de rua por dois anos, Celso Athayde revelou ter passado quase toda sua vida em favelas. Diante da sua experiência de vida, ele adiantou qual será a linha de ação definida pela Frente Favela Brasil.
"O nosso partido tem como base principal a igualdade de oportunidades para que a gente possa falar em meritocracia. A gente não pode hoje falar em meritocracia, uma vez que as pessoas não têm as mesmas oportunidades. Entendemos que nós não temos. Então, a forma que nós encontramos de construir alternativas é fazer com que as pessoas estejam nesse lugar", disse.
O empresário, que hoje comanda a rede Favela Holding, um grupo de empresas constituído para apoiar os moradores de comunidades, afirmou ainda que a Frente Favela Brasil não será um partido fechado nem exclusivista. E garante que seu compromisso principal será com a representação dos negros e dos pobres.
"O partido é de todos, mas tem os negros e os moradores de favelas de todas as cores como protagonistas. A gente entende também que todos os partidos que existem falam em nome dos marginalizados, dos oprimidos e dos pobres. Todos os partidos falam em nome dessas pessoas. Mas, na prática, a gente sabe que não é isso o que acontece", ponderou Athayde.
O mentor da nova sigla defendeu a iniciativa, mesmo com o Brasil já tendo um cenário inchado quando o assunto envolve partidos políticos – são 35 legendas, dos quais 28 possuem representação na Câmara dos Deputados. Segundo Athayde, a essência da Frente Favela Brasil é singular.
"Os partidos são todos administrados por ricos. Portanto como é que pode ter um rico falando em nome de um pobre? Não tem muito sentido. Sequer os pobres estão na mesa debatendo e discutindo a questão desses pobres", destacou.
De acordo com os organizadores da Frente Favela Brasil, o partido está constituído em todo país, já possuindo diretórios em todos os estados. O diretório nacional está sendo comandado por dois presidentes: Wanderson Maia e Patrícia Fonseca.
Com a habilitação pelo TSE, o partido pretende conquistar o máximo possível dos votos dentre os 11 milhões de habitantes das favelas brasileiras já nas eleições de 2018.