Em sua colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Funaro confirmou a narrativa exposta pelo empresário – que teria ido ao encontro do presidente da República, Michel Temer, em março, justamente para falar do volume de pagamentos feitos ao operador e a Cunha, para ambos não falarem o que sabiam.
Anteriormente, Funaro havia dito que os recursos financeiros recebidos da JBS seriam para quitação de uma dívida anterior. A irmã dele, Roberta Funaro, chegou a ser presa em maio, após receber R$ 400 mil de Ricardo Saud, executivo da JBS. Sem opções, o operador passou a negociar uma delação premiada, que ainda não foi homologada.
As informações prestadas por Funaro devem constar na segunda denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá oferecer contra Temer por obstrução de Justiça e envolvimento em organização criminosa. A primeira, que tratava de corrupção passiva, acabou barrada pela Câmara dos Deputados.
Temer nega ter cometido qualquer irregularidade e acusou Janot de perseguição, tendo inclusive pedido o afastamento do procurador-geral do caso. O pedido, porém, acabou rejeitado nesta semana pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de Temer, especula-se que a delação de Funaro deva atingir o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, e outros nomes próximos ao Palácio do Planalto. Remetido à PGR no início da semana para "ajustes", a delação deverá ser reenviada a Fachin até o fim da semana, para fins de homologação.
O mandato de Janot a frente da PGR termina no dia 17 de setembro. Espera-se que ele ofereça a segunda denúncia contra Temer antes desta data.