Jogo sutil: como Rússia se tornou negociador principal no Oriente Médio

© Sputnik / Vitaly BelousovChanceler russo, Sergei Lavrov, com ministro da defesa do Qatar, Khalid al-Attiyah em Doha, 30 de agosto
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Chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, visitou o Kuwait, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Qatar. A visita tem um significado simbólico. A Rússia tenta mostrar que está pronta para colaborar com todos.

Gevorg Mirzayan, professor do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Finanças do Governo da Rússia, explica no seu artigo para a Sputnik como a Rússia atingiu tanto sucesso no Oriente Médio.

Estamos com todos

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Algumas forças antirrusssas no Oriente Médio escrevem na mídia acusando Moscou de ser hostil aos árabes sunitas por estar ao lado do Irã (que são considerados os principais inimigos dos sunitas). O Irã e Turquia, por sua vez, são acusados de "tentar subjugar o mundo árabe" e se a Rússia está com eles, ela deve querer a mesma coisa.

Moscou não para de tentar provar que neste conflito triangular ela não toma o lado de ninguém e não pretende jogar no enfraquecimento dos árabes.

"Estamos interessados em que Conselho de Cooperação do Golfo seja unido, forte e favoreça a resolução de problemas da região, que já são muitos para se criar ainda mais dificuldades", destacou o chanceler russo, Sergei Lavrov.

O principal interesse da Rússia no Oriente Médio é estabelecer e reforçar o equilíbrio de forças na região, escreve Mirzayan, usando tanto as ações concretas como símbolos diplomáticos. Um desses símbolos é a turnê de Lavrov por países do golfo Pérsico.

Que se virem sozinhos

Entre os assuntos políticos principais discutidos por Lavrov estiveram as dificuldades na "educação" do Qatar e o processo de paz na Síria.

O conflito político entre o Qatar e a Arábia Saudita e EAU estão perdendo o sentido. Os sauditas queriam punir o Qatar por ter relações demasiado estreitas com a Turquia e principalmente com o Irã, no entanto, o Qatar dispõe de recursos e meios para continuar com sua política sem olhar a ninguém. Como a Arábia Saudita não pretende recuar, a situação entrou num impasse e surge a necessidade de mediadores que possam ajudar a encontrar um compromisso.

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A Rússia recusou esse papel nobre dizendo que apoia completamente a iniciativa do Kuwait e não quer competir com ninguém. O problema do Qatar é um problema que tem que ser resolvido dentro do Conselho de Cooperação do Golfo, afirmou Sergei Lavrov.

No entanto, Moscou não descarta ser intermediário em caso de necessidade de um "corretor honesto" e fiador dos acordos. A Rússia continuará isenta se os países da região não começarem o jogo antirrusso, seja na política, seja no setor petrolífero, frisou o analista russo.

Perdedores terão que perder

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Um campo desse jogo potencial poderia ser a Síria. A etapa da guerra contra o Daesh (grupo terrorista, proibido na Rússia) está chegando ao fim e todos estão antecipando o começo da regulação do conflito entre o presidente Assad e a oposição síria. Porque os métodos e resultados desta regulação vão definir a correlação de forças na região.

Os países do golfo Pérsico têm uma relação direta com a região e estão interessados em resultados aceitáveis. Eles estão preocupados porque, segundo alguns rumores, a posição de Moscou é uma posição de força e todos os assuntos serão regulados por meios militares.

No entanto, o Kremlin deu a entender que está a favor de uma regulação pacífica do conflito. "Aa autoridades da Síria e a oposição devem se sentar à mesa das negociações e começar discutindo como eles querem viver no seu próprio país", sublinhou mais uma vez Sergei Lavrov.

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Ele destacou que a oposição tem que descartar os ultimatos que não cabem no que foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU. O CS da ONU deliberou que apenas o povo sírio pode tomar decisões sobre o seu futuro sem quaisquer condições prévias. O que significa que a destituição prévia de Assad não pode ser considerada, bem como uma remodelação substancial da estrutura de poder.

Os perdedores têm que se comportar como perdedores. Se a oposição não abdicar dos ultimatos, é óbvio que Moscou lavará as mãos e a oposição estará condenada, opina o analista.

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