No dia 3 de setembro, a Coreia do Norte anunciou ter testado uma bomba de hidrogênio, que pode ser instalada em mísseis balísticos intercontinentais. De acordo com estimativas preliminares, a bomba teria correspondido a uma potência entre 50 e 70 quilotons, ou seja, inúmeras vezes superior à da bomba atômica lançada em Nagasaki em agosto de 1945.
Começo para fins pacíficos
Em 1964, a União Soviética ajudou a criar o centro de pesquisa de Yongbyon, localizado a cerca de 100 quilômetros ao norte de Pyongyang, e onde em breve, além dos trabalhos relacionados com a energia nuclear, foram iniciadas investigações militares aplicadas.
Em dezembro de 1985, a Coreia do Norte aderiu ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Em 1986, os EUA detectaram na região de Yongbyon outro reator nuclear com a sua instalação para produzir o combustível necessário.
Anos de incerteza
O reator estava fora do controle do Organismo Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Coreia do Norte explicou que não se tratava de um reator novo, e sim um soviético, o que aumentou a potência. Desde então, a luta política "nuclear" se segue entre Pyongyang, de um lado, e a comunidade internacional, do outro.
A AIEA e a ONU exigiram que a Coreia do Norte cumprisse os compromissos do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e assinasse um acordo para que as instalações nucleares norte-coreanas fossem controladas por elas. Perante esta situação, Pyongyang escolheu a tática de "diálogos múltiplos": Coreia do Norte com os EUA, Coreia do Norte com a Coreia do sul, Coreia do Norte com a AIEA etc.
Em 12 de março de 1993, a Coreia do Norte anunciou a intenção de abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, alegando "ameaças nucleares" dos EUA e as "exigências injustas" do Organismo Internacional de Energia Atômica. Em 11 de junho de 1993, Pyongyang declarou ter decidido "suspender" a sua retirada do TNP, depois de ter recebido garantias dos EUA de não intervir nos assuntos internos da Coreia do Norte e de não ameaçar com o uso da força militar.
Em agosto de 2003, foram iniciadas as negociações de seis lados para a desnuclearização da península da Coreia: participaram diplomatas de alto escalão da Rússia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Estados Unidos, China e Japão. Como resultado das negociações, Pyongyang "congelou" o seu programa nuclear e iniciou o desmonte do reator instalado no centro de pesquisa de Yongbyon.
No entanto, em 2008 o diálogo entrou em um beco sem saída depois de os EUA e a Coreia do Norte não conseguirem chegar ao acordo sobre a forma como seriam revisados os programas nucleares norte-coreanos.
Prosperidade nuclear de Pyongyang
Em 14 de outubro de 2006, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução 1718 que exigia parar o programa de mísseis e restabelecer a moratória para o lançamento de mísseis balísticos norte-coreanos. Pyongyang prometeu interromper seu armamento nuclear caso os EUA parassem de lançar ameaças. No entanto, no dia 14 de abril de 2009, a Coreia do Norte resolveu abandonar as negociações nucleares com os cinco países: seu programa nuclear foi retomado.
Em 25 de maio de 2009, a Coreia do Norte realizou o segundo teste nuclear subterrâneo, ao qual o Conselho de Segurança da ONU respondeu em 12 de junho, com a aprovação de novas sanções. Em maio de 2010, Pyongyang anunciou novos sucessos na fusão nuclear, o que permitiria multiplicar centenas de vezes a potência de suas cargas nucleares.
Em 12 de fevereiro de 2013, a Coreia do Norte declarou ter realizado com sucesso um teste nuclear, fato que foi confirmado oficialmente pela Coreia do Sul. Especialistas russos descobriram que a carga nuclear correspondia a 5 quilotons.
Em novembro de 2014, a Coreia do Norte pôs em marcha uma nova usina de enriquecimento de urânio no centro nuclear de Yongbyon.
No dia 31 de janeiro de 2015, o líder norte-coreano Kim Jong-un, rejeitou a possibilidade de estabelecer um diálogo com as atuais autoridades dos EUA e garantiu que o seu país estava preparado para qualquer guerra, incluindo a nuclear. Em 10 de dezembro, Kim revelou que a Coreia do Norte possui uma bomba de hidrogênio, que foi projetada para defender a soberania do país.
Um teste atrás do outro
Em 6 de janeiro de 2016, a mídia sul-coreana destacou que, na área do polígono nuclear de Punggye-ri, teria sido registrado um terremoto artificial de magnitude 4,2. Pouco depois, a Coreia do Norte declarou, oficialmente, ter testado com sucesso uma bomba de hidrogênio.
No dia 7 de fevereiro, a Coreia do Norte anunciou a realização bem-sucedida do lançamento do foguete-portador Kwangmyongsong com o satélite Kwangmyongsong-4 a bordo. Militares sul-coreanos disseram que o alcance do foguete poderia ter sido de 13.000 quilômetros.
Levando em consideração o nível de desenvolvimento do programa nuclear de Pyongyang e o quarto teste nuclear, realizado no dia 6 de janeiro o mundo qualificou esse lançamento como teste de um míssil balístico intercontinental.
Em 2 de março, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade um novo pacote de sanções contra Pyongyang: a resolução 2270 foi votada por todos os 15 membros do Conselho de Segurança. Passados dois dias, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou que o armamento nuclear estivesse preparado para ser usado "a qualquer momento".
No dia 9 de setembro, a Coreia do Norte realizou um teste nuclear e, segundo especialistas sul-coreanos, a potência da carga nuclear poderia ser de dez quilotons, sendo que, neste caso, seria o maior teste nuclear da história da Coreia do Norte. Em 27 de setembro, Pyongyang anunciou ter concluído "em termos gerais" o desenvolvimento do armamento nuclear.
Em 3 de setembro Coreia do Norte declarou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogênio desenvolvida para ser instalada nos mísseis balísticos intercontinentais. Assim, desde 2006, a Coreia do Norte realiza testes cada vez mais potentes e desde o dia 3 de setembro de 2017, já foram efetuados seis. Resta apenas imaginar quantos "segredos nucleares" ainda guarda este país fechadíssimo.