"O objetivo é descredibilizar, impedir que ele seja o candidato porque eles [os envolvidos na produção do filme] fazem parte de um projeto que quer acabar com todos os projetos sociais e desenvolvimento no Brasil. São interesses do capital internacional em fazer com que o Brasil recue naquilo que avançou nos últimos 20, 30 anos de história", avalia o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, ele mesmo suspeito de receber pagamentos da Odebrecht em 2010 e 2012.
Os inquéritos foram autorizados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin e seguem sob investigação. "Evidentemente, eles [os produtores] nunca entraram em contato para pedir a posição do PT", completa.
Já o diretor do filme, Marcelo Antunez, disse que a decisão em ocultar os nomes dos demais envolvidos na operação foi criativa. "Conforme fomos avançando nas pesquisas, em cada fase [da Lava Jato] existem um sem-número de agentes e delegados e vários deles não trabalham em outros momentos, somem. Tem fase com 50, 60 investigadores e eles não voltam ou só voltam lá na frente. Do ponto de vista do roteiro, fica impossível contar uma história com tantos personagens", defende-se.
Anonimato
"Acho a crítica infantil, o povo pensar isso até entendo o motivo, mas certamente quem levanta suspeitas tem outros interesses, de descredibilizar o filme, de levantar suspeitas. É patético. Existem vários outros filmes inclusive polêmicos em que os investidores também resolveram ficar anônimos. É um tema que divide tanto o Brasil, que é responsável por posições tão acaloradas, por vezes agressiva. Eu entendo perfeitamente a posição deles [os investidores]. Posso garantir que não tem empreiteiro ou financiador de campanha. Até acho que seria interessante [mostrar quem financiou], mas não foi uma decisão nossa e sim de quem coloca dinheiro. O que a gente faz, não financia? Financia através de Lei de Incentivo e é atacado por usar dinheiro público para falar mal de determinado governo?", questiona o diretor.
Zarattini, porém, tem uma opinião oposta. Ele não acha que existam partidos envolvidos no dinheiro para a realização do filme, mas sim grupos empresariais que "não têm interesse no PT e Lula governando o país novamente".
"É uma ação política que envolve recursos privados. Não é uma obra de arte, é uma obra de propaganda com o objetivo claro de aumentar a popularidade da Operação Lava Jato", avalia.
Sequências
Apesar de estar em cartaz com 737 cópias licenciadas pelo Brasil, configurando-o como a maior estreia nacional do ano, e 160 mil ingressos vendidos entre quinta e sexta (a projeção da produção é chegar a 480 mil no consolidado do fim de semana), o filme teve recepção fraca, registrando, de acordo com a imprensa, uma baixa média de espectadores por sessão.
"É um filme de baixa qualidade, um público pequeno está indo ver e muita gente criticando a qualidade da narrativa. Talvez vire o contrário, um mecanismo de desprestígio da Lava Jato", acredita Zarattini que completa dizendo que, em algum momento, o PT vai precisar "contar a sua própria versão da história". Alheio a críticas de jornalistas especializados e dos relatos de sessões vazias, Antunez e equipe já trabalham na sequência.
"As pessoas estão recebendo bem, estão aplaudindo. É uma bilheteria boa especialmente em feriado, quando muita gente viaja. [A sequência] não depende só de mim, vai depender de distribuidores e investidores, mas todos nós, do ponto de vista criativo já estamos trabalhando há algumas semanas", revela.