Mundo de hoje demonstra mesmos sintomas que nas vésperas da 1ª Guerra Mundial?

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Inúmeros conflitos regionais, desaceleração da globalização, isolacionismo, restrição de fluxos migratórios... Os intelectuais e especialistas assinalam cada vez mais que a situação internacional de hoje é parecida com a criada nas vésperas da Primeira Guerra Mundial.

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Na primavera de 2015, várias semanas antes de sua morte, o eminente escritor alemão e laureado do Prêmio Nobel, Guenter Grass, advertia sobre a ameaça de outra guerra. Enquanto isso, no início de 2017, o economista Joshua Fineman publicou um relatório que fala sobre a possível desaceleração dos processos de globalização nas próximas décadas.

Porém, muitos cientistas têm realçado que a globalização é um processo cíclico. Há uma teoria que marca como a primeira onda de globalização os meados do século XIX, dado que depois o processo se desacelerou e, antes da Primeira Guerra Mundial, acabou com restrições comerciais em relação aos países do Novo Mundo (para onde tinham ido 60 milhões de europeus no período anterior), bem como devido ao fato dos Estados formarem alianças militares e políticas em confrontação.

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Vale ressaltar que há 3 anos, quando se celebrou o 100º aniversário da Primeira Guerra Mundial, a professora da Universidade de Cambridge, Margaret McMillan, dizia que o Oriente Médio se pode considerar como um equivalente contemporâneo de Sarajevo, na qual, em 1914, Gavrilo Princip matou o arquiduque Francisco Fernando, o que, como se sabe, foi motivo para o desencadeamento da guerra.

O especialista do Instituto de Estudos Europeus de Belgrado, Aleksandar Gajic, falou com a Sputnik Sérvia e frisou que, contudo, há diferenças entre o ano de 1914 e os nossos dias.

"A época entre a queda do Muro de Berlim [1989] e hoje se tem caracterizado pela ausência de polarização ideológica, sendo que atualmente tudo parece estar voltando à Realpolitik, à luta pelos recursos e pelo prestígio. Criam-se novas alianças, o mundo se está movendo para o policentrismo, embora ainda não existam contornos evidentes das alianças que possam provocar um efeito de dominó, como foi em 1914", afirmou.

Ao mesmo tempo, Gajic destaca que as épocas são parecidas, pois os eventos de 1914 também tinham sido precedidos pelo desejo europeu de alastrar sua influência muito para além do seu continente.

Além disso, o escritor e publicista sérvio Muharem Badzulj disse à Sputnik que o mundo bipolar parou de existir depois da queda do Muro de Berlim, enquanto o mundo atual, tal como nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, não tem uma estrutura clara e precisa.

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"É interessante que um dos fatores mais imprevisíveis de hoje seja precisamente a Coreia do Norte, que é um rudimento da época que passou após a queda do Muro de Berlim. Se falarmos de paralelos com o ano de 1914, é exatamente a experiência ganha na época que faz com que os políticos modernos sejam mais cautelosos ", sublinhou.

Para Badzulj, a situação atual no Oriente Médio é uma herança da Primeira Guerra Mundial, ou seja, do acordo Sykes-Picot, que delimitou os interesses das grandes potências neste território em 1916.

"Além disso, ao fim da Primeira Guerra Mundial devemos o nascimento do anticolonialismo. Não esqueçamos que em substituição do velho tipo de colonialismo, aberto e transparente, veio o colonialismo novo — o encurralamento de países em uma escravidão de caráter econômico, pois no mundo de hoje, de novo, não há igualdade", resumiu o especialista.

Para concluir, o analista referiu mais um problema — a incapacidade do mundo moderno de criar novas ideias. Na opinião dele, o que na verdade é preciso para mudar a situação é uma "revolução de ideias", mas esta não sucede devido à constante "reprodução dos conceitos antigos".

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