A história das criptomoedas começou em 2008, quando o programador conhecido pelo nome de Satoshi Nakamoto publicou um artigo explicando o conceito do bitcoin – uma moeda decentralizada, baseada nos princípios da criptografia (métodos de transformação da informação da sua forma original para um código secreto para que as pessoas não autorizadas não possam ler esta informação).
Quanto ao criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, ninguém sabe se ele é uma pessoa ou um grupo de pessoas. O fundador da primeira moeda digital nunca apareceu publicamente. A identidade dessa pessoa ainda permanece um mistério.
Em 2009, foram realizadas a emissão dos primeiros 50 bitcoins e a primeira transação em bitcoin entre Nakamoto e o cientista de computação norte-americano Hal Finney.
No mesmo ano, o usuário Laszlo fez a primeira compra online usando o bitcoin. Ele comprou uma pizza por 10 mil bitcoins (naquele momento essa quantia correspondeu a 25 dólares ou R$ 78). Tomando em conta a taxa de câmbio atual do bitcoin, se não tivesse comprado essa pizza em 2010, ele hoje teria 40 milhões de dólares (R$ 125 milhões). Parece que essa foi a pizza mais cara no mundo.
A possibilidade de converter a moeda digital em moedas convencionais fez com que a ideia da nova moeda começasse atraindo milhões de usuários de todo o mundo. A alta demanda pelo bitcoin provocou o crescimento do seu preço. No início da sua história, um bitcoin custava menos de um cêntimo. Em 2017, a taxa de câmbio de um bitcoin para o dólar norte-americano está entre quatro e cinco mil dólares (se observa uma alta volatilidade).
Como funciona o bitcoin e por que todos falam dele?
O funcionamento do bitcoin se baseia na tecnologia de blockchain (cadeia de blocos em inglês). Blockchain guarda a informação de todas as transações efetuadas usando bitcoins em blocos, que são conectados uns aos outros. Essa informação é aberta e todos os usuários podem acessá-la. Entretanto, todas as transações são criptografadas, ou seja, realizadas por meio de endereços diferentes, compostos de vários números e letras, que garantem a privacidade dos dados. A tecnologia permite que todos os usuários tenham um controle total sobre o envio de bitcoins de seus próprios endereços.
Mais do que isso, o número dos mineradores está aumentando, tal como a dificuldade do problema matemático que eles têm de resolver, enquanto o prêmio pela sua solução é cada vez mais baixo. Em 2009, quando foi criado o primeiro bloco, o prêmio era de 50 bitcoins. Em 2142, será criado o bloco número 6.929.999, e depois disso o prêmio desaparecerá e não serão emitidos novos bitcoins. No total, serão criados 21 milhões de bitcoins.
Nos primeiros meses de existência do bitcoin, os mineradores puderam usar computadores tradicionais para encontrar a solução do problema matemático. Hoje, essas tarefas são muito complicadas e exigem enorme quantidade de energia e poder computacional. É possível minerar bitcoins apenas através de equipamento de mineração muito caro.
Mais do que isso, é uma moeda descentralizada que não é emitida por um banco central e não depende da política monetária de qualquer instituição. Ninguém pode controlar as suas transações, rastreá-las, assim como não existe a possibilidade de sua conta ser congelada.
Transparência e segurança também são pontos fortes das criptomoedas. Toda a informação sobre transações está facilmente disponível no blockchain. Nenhum usuário pode controlar ou manipular o bitcoin, porque o sistema é criptograficamente seguro. Além disso, usando o bitcoin você não tem de usar os seus dados pessoais, o que oferece mais privacidade e anonimato aos seus usuários.
Que desafios têm as criptomoedas e o bitcoin em particular?
Apesar de todas as vantagens, o bitcoin não é a solução ideal para o mercado financeiro. Existem problemas que impedem as criptomoedas de substituir as moedas tradicionais como o dólar, euro ou real.
Um dos problemas mais discutidos é o uso das criptomoedas nas atividades ilícitas, tais como comércio ilegal de drogas, evasão fiscal ou lavagem de dinheiro, porque o funcionamento das criptomoedas é autônomo em relação aos órgãos de controle.
Outro problema importante é que hoje em dia ainda há falta de entidades que aceitem criptomoedas porque não confiam nas moedas digitais.
Quanto aos riscos dos investidores no bitcoin, é de sublinhar que a moeda tem enorme volatilidade. O número total de bitcoins em circulação (16.564.000 unidades) e de transações com eles ainda é muito baixo quando comparado com o seu potencial. Portanto, eventos pequenos podem afetar significativamente a sua taxa de câmbio. Atualmente, o preço do bitcoin está crescendo a um ritmo vertiginoso devido ao aumento da demanda pela moeda virtual, se tornando uma nova bolha econômica.
Apesar de ser proclamada como moeda segura, falhas de segurança de software foram encontradas ao longo do tempo. Entretanto, novas ferramentas e serviços estão sendo desenvolvidos para tornar a moeda digital mais segura.
O custo da emissão de bitcoins também é um problema. As tarefas matemáticas se tornam cada vez mais difíceis, está aumentando o preço dos equipamentos especiais, os mineradores gastam enormes quantidades de eletricidade. Entretanto, o prêmio por um bloco criptografado está diminuindo e já hoje frequentemente não compensa todos os dados, mesmo tomando em conta a taxa de câmbio elevada do bitcoin. É por isso que muitos mineradores optam pelas outras criptomoedas, que por sua vez não estão imunes a sofrerem do mesmo problema.
Pode ser dito que as criptomoedas já ocuparam o seu nicho no mercado financeiro mundial. Entretanto, hoje esse nicho não é muito grande em comparação com as moedas tradicionais.
Quanto ao futuro das criptomoedas, há várias opiniões. Há economistas que creem na eliminação total das moedas oficiais. Outros têm certeza que é impossível rejeitar as moedas emitidas e reguladas pelos Estados. Há quem creia na coexistência das moedas oficiais e moedas digitais.
A verdade, provavelmente, está algures no meio. A utilização generalizada das moedas digitais parece ser pouco real na situação atual devido aos problemas já mencionados.
Entretanto, a tecnologia de blockchain parece ser revolucionária. A capacidade de armazenar dados de forma mais segura e barata pode ser usada não apenas por empresas do setor financeiro, mas também na medicina (a tecnologia permite o acesso imediato às informações de saúde dos pacientes) e outras indústrias.