O fato é que os parceiros ocidentais da Gazprom (empresa petrolífera estatal russa) obviamente não desejam ser alvo das sanções norte-americanas que proíbem financiar o projeto Corrente do Norte 2. É por isso que eles estão prontos a apoiar as restrições oficialmente.
Entretanto, eles reconhecem que já estão procurando lacunas para cumprir todos os compromissos financeiros quanto ao projeto de gasoduto. Esta lealdade dos parceiros europeus da Gazprom não só demonstra a importância da Corrente do Norte 2 para a Europa, como também as suas vantagens comerciais consideráveis.
A primeira tranche de financiamento de um bilhão de euros já foi entregue em 2017. Mas a transferência do capital restante pode ser problemática. É por isso que as partes do ajuste estão buscando meios para financiar o projeto evitando as sanções norte-americanas.
"Primeira opção: os europeus concedem fundos para um banco russo que financia diretamente o projeto Corrente do Norte. Segunda opção: todos os fundos necessários serão arrecadados com ajuda de um banco asiático. Terceira opção: uma compilação dos primeiros dois cenários, como foi no caso da Novatek", explica Igor Yushkov, analista da Fundação para segurança energética nacional.
"Serão sobretudo os japoneses. Eles podem investir neste projeto para obter lucros e melhorar as relações com a Gazprom. Adicionalmente, eles agora estão negociando o alargamento do terceiro bloco da usina de GNL de Sacalina (ilha russa no Extremo Oriente). Tanto mais que o Japão vai querer receber o apoio russo na questão da Coreia do Norte", frisou Yushkov.
Entretanto, é possível que a Gazprom deva fazer concessões suplementares, nomeadamente no que se toca às tarifas preferenciais de trânsito do gás para os parceiros europeus. O fato é que o novo plano de financiamento pode parecer menos vantajoso para estes últimos. Além disso, pode desempenhar um papel importante de encorajamento face às sanções norte-americanas.