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Especialista diz que Janot teve excesso de pressa e que críticas a Dodge são precipitadas

© José Cruz/ Agência BrasilProcurador-geral da República, Rodrigo Janot
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A Procuradoria-Geral da República do Brasil terá uma mudança na chefia na próxima segunda-feira, 18, com a troca de Rodrigo Janot por Raquel Dodge, escolhida pelo presidente Michel Temer a despeito de "derrota" na eleição interna do Ministério Público Federal. Críticos ao governo afirmam que a troca pode representar uma ameaça à operação Lava Jato.

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Na última quinta-feira, em sua última sessão do Supremo Tribunal Federal na função de procurador-geral da República, Rodrigo Janot se despediu do cargo afirmando ter tido "a honra de ver consolidado o poder investigatório do MP e de presenciar o golpe contra a crônica impunidade que castiga a sociedade" brasileira. Segundo o procurador, embora questionado por muitos sobre sua atuação, ele sai da PGR com a certeza de ter militado até o último instante na defesa dos compromissos constitucionais assumidos. 

Ao longo dos últimos meses, o trabalho de Janot foi marcado principalmente pelas denúncias contra o presidente do Brasil e outros políticos a ele aliados, no âmbito da operação Lava Jato. Tais denúncias, baseadas em delações de executivos do grupo J&F, causaram grande agitação no país, levando o Planalto e a base aliada de Temer a acusá-lo de agir politicamente em vez de se concentrar apenas nos aspectos jurídicos. Para o professor Antônio Celso Alves Pereira, da Faculdade de Direito da UERJ, universidade da qual foi reitor, as críticas ao procurador-geral não são completamente infundadas, embora seja preciso reconhecer sua grande competência.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Antônio Celso destacou o excesso de pressa de Janot como um fator negativo de sua atuação na Procuradoria nesse último período. Segundo ele, a vontade do procurador de acelerar os processos da Lava Jato antes do final do seu mandato acabou prejudicando a última parte de sua gestão.

"Não que as medidas que ele tomou não deveriam ser tomadas. Pelo contrário. Acho que, realmente, pelo teor das denúncias, são coisas muito graves e que exigiam a ação do Ministério Público, para aclarar as coisas. E o país não pode permanecer nessa situação, na qual estamos, ou que o país vinha vivendo até agora, de impunidade. Mas acho que houve uma certa pressa, e isso prejudicou muito o final do mandato dele", disse o especialista, sublinhado o episódio do acordo de colaboração do MPF com os irmãos Wesley e Joesley Batista e outros representantes da J&F e do frigorífico JBS. "Não foi uma coisa muito bem feita. Ele é competente. Ontem, inclusive, o Supremo Tribunal Federal elogiou a ação dele, ele fez o certo. Agora, acho que talvez tenha sido isso, a pressa por causa do interesse dele de fazer isso [as denúncias] antes de terminar o mandato".

Na próxima segunda-feira, 18, o cargo deixado por Janot será ocupado pela procuradora Raquel Dodge, indicada por Temer depois de ficar em segundo lugar na eleição interna do Ministério Público, quebrando uma tradição estabelecida e levantando suspeitas sobre o interesse do presidente em vê-la preenchendo a vaga. Para muitos, a mudança pode representar uma ameaça real ao prosseguimento das investigações da Lava Jato, dada as grandes diferenças entre Dodge e Janot. Mas, de acordo com Antônio Celso, as críticas à procuradora são precipitadas.

"Eu acho que nós temos que aguardar. Ela toma posse na segunda-feira e, obviamente, tem uma equipe muito boa. Inclusive, tem procuradores que estão na equipe dela que são de uma ala muito radical, muito dura de atuar", afirmou o professor. "Então, acho que é precipitado qualquer tipo de julgamento agora, de pré-julgamento, do que ela vai fazer. Nós temos que esperar. Ela tem uma carreira muito bonita, construída com muito trabalho, muita honestidade". 

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