Charles Gore, presidente da Aliança Mundial das Hepatites, comenta a revelação:
"Conclusões desse tipo nos enfurecem, mas não nos surpreende que a hepatite mate mais pessoas do que o HIV, malária ou tuberculose. Tal desfecho triste tem a ver com o fato de que a luta contra a hepatite nunca foi prioridade política dos países principais do mundo e de que não há nenhum sistema global do financiamento destes projetos."
Anualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros serviços de saúde da ONU publicam relatórios na revista Lancet sobre as doenças e problemas de saúde que mais preocupam as pessoas e a quantidade de mortes causadas por elas. Tais relatórios servem como orientadores para órgãos políticos da ONU e serviços de saúde de alguns países.
Em geral, infecções correspondem a 19,4% das mortes durante o período examinado, e o seu número está constantemente crescendo, o que, segundo os especialistas, está ligado à deterioração dos padrões do sistema de saúde e ao crescimento brusco da população nos países em desenvolvimento.
Para espanto dos autores, a liderança pertence à hepatite — nos últimos anos, o vírus levou à morte de aproximadamente 1,34 milhão de pessoas. As mortes foram causadas não pela própria doença, mas pelos efeitos negativos relacionados a ela — cirrose, câncer de fígado e outras complicações. A tuberculose ocupa o segundo lugar com 1,2 milhão de mortes, o HIV é terceiro na lista das doenças mais perigosas com aproximadamente um milhão de vítimas, e a malária — a quarta (719 mil mortes).
Os cientistas salientam que a hepatite pode ser perigosa porque o número de mortes causado por ela só tem aumentado nos últimos anos, ao contrário do HIV, tuberculose e malária.
Uma das razões disso, além do mau financiamento e alto preço das vacinas atuais contra a hepatite, é que a maioria das pessoas não sabe que está contaminada. De acordo com as estatísticas, somente 5% dos habitantes dos países desenvolvidos e em desenvolvimento estão a par do seu diagnóstico e passam por tratamentos em hospitais.
Vale ressaltar que o vírus da zika se tornou a infeção mais "popular", contudo não tão perigosa — cabe a ele somente 2 mortos em 2015 e 19 em 2016. Como esperam os pesquisadores, tal tendência vai continuar no futuro, com tudo isso, é pouco provável que o vírus da zika seja muito perigoso, o que dá tempo aos científicos para encontrar a cura.