Apesar de que a Coreia do Norte precisa de todas estas três coisas para sobreviver, as contradições entre aquilo que deve ser feito para segurar cada uma delas vão levar à queda inevitável do regime, acredita o colunista do The National Interest Jamie Metzl.
Após ter testemunhado a primeira Guerra do Golfo, onde Saddam Hussein se tornou mais vulnerável à invasão porque o Iraque não possuía armas nucleares, Pyongyang iniciou o desenvolvimento do próprio arsenal nuclear.
O maior desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano vai colocar o país em rota de divergência com a China, o seu principal benfeitor, afirma Metzl. A China garante a Pyongyang a comida para os soldados e os fornecimentos de energia. Pequim manteve o equilíbrio entre pressionar Pyongyang para que os norte-coreanos parem com o programa nuclear e fornecer ajuda ao país, porque a China não quer tropas norte-americanas perto das suas fronteiras em caso de colapso do regime.
Mas, devido ao fato de os testes contínuos de armas nucleares norte-coreanas justificarem o reforço militar dos EUA na região, bem como a aceleração da defesa antimíssil na Coreia do Sul e Japão, que vão minar a dissuasão nuclear da China, a necessidade chinesa de controlar o programa nuclear da Coreia do Norte vai entrar em conflito com as intenções de Pyongyang. Em resultado, de acordo com o autor, a China vai ser forçada a reforçar a pressão econômica sobre Pyongyang, o que agravará as relações entre os dois países.
De fato, os líderes da Coreia do Norte recentemente iniciaram pequenas reformas económicas, permitindo aos gerentes determinarem o salário e aos agricultores manterem uma maior parte da sua colheita. Mas, de acordo com o autor, as reformas econômicas não podem funcionar no país sem uma reforma política. Maior acesso à informação e a livre circulação de pessoas e bens são essenciais para reformar a economia. Tais reformas vão minar a legitimidade do regime e forçá-lo a escolher entre a suspensão das reformas para manter o controle totalitário ou fazer mudanças políticas no país.
Segundo Jamie Metzl, seja qual for o caminho que o governo da Coreia do Norte venha a seguir, este vai cair sob o peso das suas próprias contradições. De acordo com ele, este colapso do regime será uma vitória para todos. O povo norte-coreano vai deixar de sofrer, os povos do Sul e do Norte vão ser reunidos, o fantasma de um país nuclear no centro da Ásia vai ser removido, e a China vai obter um parceiro valioso na Coreia unificada, o acesso à economia de altas tecnologias da Coreia do Sul e aos recursos naturais da Coreia do Norte.